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Montebourg justifica saída do governo por política de austeridade

Paris, 25 ago (EFE).- O ministro francês de Economia, Arnaud Montebourg, causador da crise de governo que abriu nesta segunda-feira o processo de remodelação, justificou sua saída do Executivo “pelas políticas de austeridade absurdas” que são aplicadas na França e na Europa, e que na sua opinião estão agravando a crise.

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Montebourg, em uma declaração sem perguntas lida após ser recebido pelo primeiro-ministro, Manuel Valls, a quem o presidente francês, François Hollande, encarregou de formar um novo gabinete que deve ser anunciado amanhã, foi particularmente duro com ambos.

O ministro disse que durante os dois anos que permaneceu no Executivo, tinha tratado de convencer Hollande de “rejeitar para nosso país as respostas excessivas”, e que como não alcançou, “os resultados estão aí. A França está parada e o desemprego continua sua progressão”.

“Sabe-se -afirmou- que as políticas de austeridade, de aumento de impostos e de redução dos gastos públicos decididas pelos governos são agora as causas do prolongamento e do agravamento inútil da crise” na Europa.

“O mundo nos suplica, inclusive, que cessemos estas políticas de austeridade absurdas que seguem afundando a zona do euro na recessão e em breve na deflação”, acrescentou

Segundo sua análise, a crise “é uma das consequências das decisões políticas errôneas sustentadas pelos cidadãos europeus por causa de decisões de poderes como o Banco Central Europeu (BCE), a Comissão Europeia e os Estados-membros”.

O ainda por algumas horas ministro da Economia interino, que é um dos líderes da ala esquerdista do Partido Socialista, insistiu que “é preciso ter a coragem intelectual e política de dizer que as políticas de austeridade agravam o déficit onde deveriam reduzi-lo”.

E que, além disso, “são injustas porque afetam as classes populares e médias em forma de aumentos e impostos” e levam os cidadãos a rejeitar a construção europeia e a “abraçar os partidos extremistas”.

“Obstinar-se neste caminho colocaria em risco a República”, advertiu antes de dizer que sua responsabilidade é “propor respostas alternativas” porque “há outros caminhos para a França e para a Europa”.

Montebourg agradeceu o apoio recebido nestes últimos dias em sua polêmica aberta com Hollande e Valls por outros dois ministros, o de Educação, Benoît Hamon, e a de Cultura, Aurélie Fillipetti, que também vão deixar seus postos.

Fillipetti, em carta a Hollande e a Valls, justificou seu abandono do Executivo porque além de seu “dever de solidariedade”, prefere “a lealdade aos meus ideais” porque tem “um dever de responsabilidade com os quais fizeram o que somos”, em alusão a seus eleitores.

O primeiro-ministro recebeu durante o dia todo os ministros interino e outros altos responsáveis da maioria visando a conformar um novo gabinete encarregado de manter a linha política que Hollande sublinhou nos últimos dias que vai continuar, apesar das críticas da ala esquerda de seu partido.

Trata-se, em particular, do rebaixamento de cotas sociais às empresas no valor de 30 bilhões de euros e algumas outras reduções de impostos, que serão financiadas com uma diminuição do gasto público de 50 bilhões de euros nos três próximos anos. EFE

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