Movimentos sociais ocupam sede de construtora em São Paulo

  • Por Agencia EFE
  • 08/05/2014 14h11
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São Paulo, 8 mai (EFE).- Cerca de 1,5 mil ativistas dos movimentos sem-terra e sem-teto do Brasil ocuparam nesta quinta-feira em São Paulo a sede da empresa Odebrecht, construtura do estádio Arena Corinthians, que será palco da partida de abertura da Copa do Mundo.

Os ativistas do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e do Movimento Sem-Terra (MST) pintaram as paredes do edifício com frases como “A Copa das empresas” e “O poder é do povo”, segundo constatou a Agência Efe.

Os manifestantes também jogaram tinta preta e vermelha sobre vários vidros, embora não tenham sido registrados incidentes com a Polícia e nem com os trabalhadores da Odebrecht.

Ambos os movimentos se congregaram hoje em São Paulo, onde os sem-teto chegaram um dia antes após uma manifestação que começou na segunda-feira no município de Itapevi, na região metropolitana da cidade.

Deste modo, os movimentos rejeitaram a realização do Mundial de Futebol 2014 e destacaram que a atuação da Odebrecht “gera impactos na vida da população do campo e da cidade”.

Segundo disse à agência Efe o representante do MST, Delwek Matheus, o objetivo da manifestação “é dialogar com a sociedade, principalmente com a classe operária, para dizer que a reforma agrária está parada”.

Além disso, Matheus apontou que pretendem “denunciar que o Brasil vive sob um sistema econômico subordinado ao capital, que nestes dias vive representado pela Odebrecht”, uma das principais construtoras brasileiras, com operações em dezenas de outros países.

O MST denunciou, além disso, o envolvimento da companhia no setor do agronegócio, cujo “modelo agrícola não representa os interesses do povo brasileiro”, porque “sua matriz produtiva se baseia em enormes quantidades de elementos tóxicos, não respeitando o meio ambiente e a diversidade” e expulsando a população do campo.

Porta-vozes do MTST reivindicaram o acesso a “uma casa digna” e alertaram que a construtora “é uma das que mais ganharam” com as obras do Mundial, que segundo eles foram realizadas em “precárias” condições trabalhistas.

“Denunciamos o capital imobiliário e suas consequências para a classe trabalhadora. Essa aliança com os sem-terra é decisiva para o enfrentamento com essas grandes corporações”, afirmou em comunicado Guilherme Boulos, um dos representantes do MTST.

Após o incidente, a construtora lamentou o ocorrido e em comunicado enviado à Efe disse que “respeita todo tipo de manifestação pacífica, mas rejeita qualquer ato de vandalismo”.

A companhia indicou que “com o objetivo de proteger a integridade física das pessoas presentes no local, a empresa reforçou seu sistema de segurança e acionou as autoridades responsáveis”.

A manifestação ocorreu horas antes da presidente Dilma Rousseff realizar hoje uma visita ao estádio Arena Corinthians, sede da partida de abertura da Copa entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho.

No ano passado, centenas de milhares de brasileiros protestaram durante as duas semanas de duração da Copa das Confederações da Fifa pelo elevado gasto público nesses eventos e demandaram mais investimentos em educação, saúde, transporte e outras áreas sociais. EFE

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