Quatorze países questionam relatório da OMS sobre origem da Covid-19

O resultado da investigação dos especialistas descarta criação do novo coronavírus em laboratório e deixa em aberto teoria de que o patógeno se espalhou através das embalagens de produtos congelados

  • Por Jovem Pan
  • 30/03/2021 18h01 - Atualizado em 30/03/2021 19h13
EFE/Archivo Chineses caminham nos arredores do mercado de Huanan, em Wuhan Chineses caminham nos arredores do mercado de Huanan, em Wuhan, onde o novo coronavírus foi detectado pela primeira vez

Os Estados Unidos divulgaram nesta terça-feira, 30, um documento assinado juntos com outros 13 países que demonstra preocupação em relação ao relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a origem da Covid-19. O grupo composto por Canadá, Coréia do Sul, Dinamarca, Eslovênia, Estônia, Israel, Japão, Letônia, Lituânia, Noruega, Reino Unido, República Tcheca, além dos Estados Unidos, evitou apontar o dedo diretamente para a China, mas questionou o que foi investigado pelos especialistas da OMS durante a visita a Wuhan, onde o novo coronavírus foi detectado pela primeira vez. As nações indicaram que a missão internacional dos cientistas aconteceu com um atraso significativo e que não teve acesso a dados originais e completos, nem a amostras do vírus. Isso porque os pesquisadores supostamente receberam apenas relatórios que haviam sido previamente preparados por especialistas chineses e não tiveram a oportunidade de rever os dados originais, algo que lhes teria permitido chegar a suas próprias conclusões sobre a origem da Covid-19 e a forma como ela se espalhou. “Missões científicas como estas precisam ser capazes de realizar seu trabalho em condições que produzam recomendações e descobertas independentes e objetivas”, defenderam os 14 países.

O que diz o relatório da OMS

O relatório da OMS não fornece uma resposta final sobre a origem do patógeno. Suas conclusões são resumidas em quatro hipóteses que são classificadas de mais provável a menos provável, sendo que a possibilidade a que é dada menos credibilidade é a de que o novo coronavírus tenha sido criado artificialmente em um laboratório. Já a considerada mais provável é a de que o vírus se espalhou pelos humanos através de um animal hospedeiro. O zoológo britânico Peter Daszak já havia adiantado que, durante a viagem à cidade de Wuhan, ele e os seus colegas cientistas notaram que o mercado de Huanan vendia animais vivos ou mortos de diferentes partes do país, incluindo os morcegos ferradura da província de Yunnan que carregam o Sars-Cov-2, parente mais próximo conhecido do vírus causador da Covid-19.

O relatório da OMS também deixa em aberto a teoria de que embalagens de produtos animais congelados causaram a propagação da doença. O relatório afirma que entre, os produtos de animais congelados comercializados em Huanan, que vinham de mais de 20 países, alguns deram positivo para o SARS-CoV-2 antes do final de 2019. Isso indicaria que o patógeno pode ter sido transportado “a longas distâncias em produtos que façam parte da cadeia do frio”. A China tem sido uma grande defensora dessa possibilidade, que acabaria com a sua suposta responsabilidade pela origem da pandemia.

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