África do Sul encerra votações acirradas que ameaçam tirar partido de Mandela do poder após 30 anos

Resultados definitivos serão divulgados no fim de semana; eleitores escolheram 400 deputados designados proporcionalmente, candidatos por 50 partidos

  • Por Sarah Américo
  • 29/05/2024 17h00 - Atualizado em 29/05/2024 17h02
Saawmiet MOOS, Eden EZRA, Céline CLERY / AFPTV / AFP áfrica do sul África do Sul celebra eleições legislativas mais disputadas em três décadas

A África do Sul foi às urnas nesta terça-feira (29) em uma eleição legislativas que pode tirar o partido de Nelson Mandela do poder após 30 anos. Esses sãos as votações consideradas mais disputadas em três décadas. Quase 27,6 milhões de pessoas estão registradas para comparecer às urnas, em um pleito no qual, pela primeira vez, o Congresso Nacional Africano (ANC) pode não obter maioria absoluta. Os eleitores escolherão 400 deputados designados proporcionalmente, candidatos por 50 partidos. Uma vez formado, o novo Parlamento definirá o próximo presidente. Se conquistar menos de 201 cadeiras no Parlamento, presidente Cyril Ramaphosa terá que negociar com os partidos da oposição e deputados independentes para garantir a maioria.

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À direita do atual governo está a Aliança Democrática, um movimento liberal que propõe privatizações e a desregulamentação e que carrega a imagem de partido da minoria branca. As pesquisas apontam que tem 25% das intenções de voto. À esquerda, com 10% das intenções de votos cada, segundo as pesquisas, estão o partido ‘uMkhonto we Sizwe’ (MK) do ex-presidente Jacob Zuma e a legenda Combatentes pela Liberdade Econômiac (EFF), que promete reformas radicais como a redistribuição de terras e estatizações. Os 23.292 colégios eleitorais abriram às 7h e ficaram abertos até as 21h (16h de Brasília). O partido liderado por Ramaphosa, enfrenta uma perda de popularidade, depois de obter 57% dos votos em 2019

Durante 30 anos de democracia, que começou com a eleição do primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela em 1994, os eleitores têm sido leais ao seu partido, o ANC, que libertou o país do apartheid. Contudo, cansados dos casos de corrupção na classe política, muitos dos 62 milhões de sul-africanos deixaram de confiar no ANC, que no início de sua trajetória prometeu educação, água, moradia e o direito de voto para todos. Um terço da população economicamente ativa está desempregada. A pobreza e a desigualdade aumentam e a criminalidade frequentemente bate recordes, em um cotidiano muitas vezes dificultado pelos recorrentes cortes de água e energia elétrica.

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Os desafios são múltiplos para o ANC, que almeja um segundo mandato para o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa: oposição à esquerda e à direita, a taxa de desemprego e a criminalidade próxima de níveis recorde, além de uma nova geração que não tem recordações da luta contra o domínio branco. As últimas sondagens e comentários de analistas políticos estimam cerca de 43% dos votos para o Congresso Nacional Africano (CNA). Entre segunda e terça-feira, mais de 1,6 milhão de eleitores que solicitaram antecipadamente o chamado “voto especial” passaram a poder exercer o seu direito em centros habilitados e em seus domicílios. Os resultados definitivos serão divulgados no fim de semana.

*Com informações da AFP e EFE

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