Alemanha cede às pressões e autoriza entrega de tanques Leopard 2 à Ucrânia
Porta-voz do governo informou que os treinamentos das forças ucranianas para utilizar o equipamento vão ser realizados ‘em breve’ e em solo alemão
Depois de muitas pressões, a Alemanha autorizou a entrega de tanques Leopard 2 para a Ucrânia. O anúncio veio por meio de um comunicado feito pelo porta-voz do governo alemão, Seffen Hebestreit, nesta quarta-feira, 25. “O objetivo é reunir, rapidamente, dois batalhões de tanques com o Leopard 2 para a Ucrânia”, disse o porta-voz após a reunião do conselho de ministro, acrescentando que seu país entregará 14 tanques Leopard 2A6 à Ucrânia e permitirá aos países europeus, que assim desejarem, fornecer a Kiev os veículos blindados que estão sob seu poder. Na terça-feira, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, tinha informado que em breve eles tomariam uma decisão sobre o envio de tanques, o qual indicaram na sexta estarem avaliando os prós e contras. Segundo analistas, as hesitações da Alemanha se deviam ao temor de uma escalada militar com a Rússia. A questão gerou tensões dentro do governo de coalizão, entre o Partido Social-Democrata de Scholz, os Verdes e os Liberais. Um dia antes de anunciar a autorização, Pistorius havia informado que os países aliados já podiam começar a treinar os militares ucranianos no uso de tanques Leopard de fabricação alemã. “Eu encorajei expressamente os países parceiros que possuem tanques Leopard prontos a treinar forças ucranianas nesses tanques”, disse o Pistorius. Após a aprovação do envio, foi informado que o treinamento das forças ucranianas no uso desses tanques “começará em breve na Alemanha”, acrescentou Hebestreit. O pacote acordado após intensas negociações com os aliados da Ucrânia inclui apoio logístico, munição e manutenção desses tanques de combate. “Esta decisão está de acordo com nossa linha, que consiste em apoiar a Ucrânia com todas as nossas capacidades. Agimos de maneira estreitamente coordenada e concertada em nível internacional”, disse o chanceler alemão Olaf Scholz, em um comunicado. O primeiro-ministro conservador britânico, Rishi Sunak, saudou o aval alemão, chamando-o de “decisão certa dos aliados e amigos da Otan”. “Juntamente com os britânicos Challenger 2”, os tanques alemães “reforçarão o poder de fogo defensivo da Ucrânia” contra a invasão russa, afirmou no Twitter. Em Moscou, o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, alertou que o Ocidente “superestima o potencial que os tanques podem dar ao Exército ucraniano”. “Esses tanques queimarão, como todos os outros. São muito caros”, frisou.
Tanque Leopard 2
O Leopard é um tanque pesado que, segundo especialistas, poderia romper as linhas russas no leste da Ucrânia, 11 meses após a invasão. Ele combina potencial de fogo, mobilidade e proteção. O equipamento foi produzido em série desde o fim dos anos 1970 para substituir os tanques americanos M48 Patton e, depois, os Leopard 1. Este tanque de combate de 60 toneladas está dotado de um canhão de calibre 120 mm, é capaz de disparar em movimento e possui “proteção passiva integral”, eficaz contra minas e lança-foguetes. Também conta com ferramentas tecnológicas que permitem localizar e atacar o inimigo a grande distância. Outra vantagem é que o Leopard está bastante difundido na Europa, o que facilita o acesso a munições e peças de reposição e simplifica os trabalhos de manutenção. Também está o 2A7, que Berlim não pretende disponibilizar por causa de sua própria defesa. O uso do equipamento pela Ucrânia terá impacto no conflito. Segundo o IISS, se Kiev pudesse receber um total de 100 tanques Leopard, o efeito seria “significativo” no campo de batalha contra as forças russas. Com os Leopard 2, “um exército pode romper as linhas inimigas e pôr fim a uma longa batalha de trincheiras”, confirma Armin Papperger ao jornal alemão Bild. “Com o Leopard, os soldados podem avançar dezenas de quilômetros de uma só vez.”
*Com informações da AFP
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