Alemanha registra atos antissemitas durante protestos contra ataques de Israel à Palestina
Em diversas cidades do país, manifestantes queimaram bandeiras, vandalizaram sinagogas e proferiram discursos de ódio
As autoridades da Alemanha estão exigindo medidas mais duras contra o antissemitismo após milhares de pessoas participarem de protestos pedindo o fim dos ataques de Israel à Faixa de Gaza neste final de semana. Na capital Berlim, manifestantes que tinham se reunido para demonstrar solidariedade à causa palestina queimaram bandeiras israelenses, gritaram slogans considerados antissemitas e hastearam bandeiras do movimento islâmico Hamas. Em Neukölln, onde vive um grande número de descendentes árabes, cerca de 6.500 pessoas pediram por uma “Palestina livre da Jordânia ao Mediterrâneo“, mas o ato foi interrompido e causou uma série de prisões após um pequeno grupo lançar garrafas, pedras e fogos de artifício contra os policiais, que responderam com spray de pimenta. Em Gelsenkirchen, cerca de 200 pessoas marcharam até uma sinagoga gritando slogans de ódio e jogaram pedras contra as janelas do templo religioso judaico. Em Mannheim, outra bandeira israelense foi queimada em meio a acusações de que alguns manifestantes também teriam proferido discursos de ódio. Embora os protestos pelo país tenham sido majoritariamente pacíficos, também houve apelos pela dissolução de Israel nas cidades alemãs de Colônia, Hamburgo, Frankfurt, Leipzig, e Stuttgart.
O secretário-geral do Partido Democrata Cristão, Paul Ziemiak, defendeu que tais atos demonstraram um “ódio desprezível contra os judeus“. O ministro do Interior, Horst Seehofer, advertiu que não será tolerada qualquer “queima de bandeiras israelenses em solo alemão nem ataques a instalações judaicas”. Já o presidente do Parlamento, Wolfgang Schäuble, disse que embora fosse legítimo “criticar duramente” a política de Israel e “protestar ruidosamente” contra ela, “não há justificativas para antissemitismo, ódio e violência”. Ele condenou principalmente os manifestantes que questionaram o direito de existência do país do Oriente Médio, afirmando que refugiados e migrantes muçulmanos que vivem na Alemanha devem saber que o país possui uma “responsabilidade particular por Israel”, fazendo referência ao Holocausto. O chefe do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek, também condenou os “ataques nojentos contra nossos concidadãos judeus” nos últimos dias. “Qualquer pessoa que ataca sinagogas e judeus com o pretexto de criticar Israel perdeu qualquer direito à solidariedade”, afirmou. Eventos de teor racista também foram reportados na Áustria e no Reino Unido, sendo que a França chegou a proibir as manifestações para evitar conflitos.
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