Apesar de mandado de detenção, Vladimir Putin é recebido com honras na Mongólia

O TPI pediu oficialmente na sexta-feira à Mongólia, que assinou seu tratado em 2000 e o ratificou em 2002, que cooperasse com o tribunal e detivesse o presidente russo, o que não aconteceu

  • Por Marcelo Bamonte
  • 03/09/2024 10h23
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EFE/EPA/SOFIA SANDURSKAYA / SPUTNIK / KREMLIN POOL Ulaanbaatar (Mongólia), 02/09/2024.- O presidente russo Vladimir Putin (E) e o presidente mongol Ukhnaagiin Khurelsukh (D) fazem uma declaração conjunta à mídia após as negociações russo-mongóis em Ulaanbaatar, Mongólia, 03 de setembro de 2024. Putin visita a Mongólia em sua primeira viagem a um estado-membro do Tribunal Penal Internacional (TPI) desde que o tribunal emitiu um mandado de prisão para ele no ano passado. (Rússia) Presidente russo convidou Khurelsukh para a cúpula do BRICS que acontecerá entre 22 e 24 de outubro na cidade de Kazan

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reuniu-se nesta terça-feira (3) em Ulan Bator com seu homólogo da Mongólia, Ukhnaa Khurelsukh, no âmbito de uma visita oficial que desafia o mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por seus supostos crimes de guerra na Ucrânia. Putin foi recebido com todas as honras na Praça Genghis Khan, na capital mongol, que celebra o 85º aniversário da vitória das forças mongóis e soviéticas contra o Japão imperial e que é o motivo oficial da visita do líder russo. Durante o encontro, Khurelsukh expressou sua “gratidão” a Putin pela visita, segundo relatou o Ministério das Relações Exteriores da Mongólia, que destacou também que ambos “revisaram o estado atual das relações bilaterais e discutiram formas de melhorar a cooperação em questões econômicas, particularmente nas áreas de combustíveis, energia, transporte, meio ambiente, cultura, educação e saúde”.

Segundo a pasta de Exteriores mongol, ambos os dirigentes destacaram “positivamente” a assinatura de um acordo intergovernamental para o fornecimento de produtos petrolíferos e a preparação da documentação de concepção e orçamento do projeto de ampliação e modernização da Central Térmica nº 3. Khurelsukh observou também que a construção da central hidroelétrica do rio Eg está “progredindo graças aos esforços conjuntos de ambos os lados” e saudou a decisão de estabelecer um grupo de trabalho conjunto para realizar uma avaliação ambiental.

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Da mesma forma, ambas as partes expressaram confiança de que o Acordo de Comércio Livre provisório a ser assinado ainda este ano entre a Mongólia e a União Econômica Eurasiática possa “criar novas oportunidades para expandir o marco legal para o comércio e a cooperação”. Putin e Khurelsukh concordaram ainda sobre a importância de acelerar a criação do Corredor Econômico Mongólia-Rússia-China, acrescentou o ministério mongol.

Por sua vez, o presidente russo convidou Khurelsukh para a cúpula do BRICS que acontecerá entre 22 e 24 de outubro na cidade de Kazan: “Será o primeiro evento deste nível após a expansão da organização e esperamos que participem no formato BRICS+”, disse Putin, citado pela agência de notícias oficial russa TASS. Putin também convidou seu homólogo mongol a participar nas celebrações do 80º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista, em 9 de maio do próximo ano. Esta é a primeira visita de Putin a um Estado-membro do TPI desde que este órgão emitiu um mandado de detenção contra o presidente russo no ano passado por supostos crimes de guerra na Ucrânia, uma decisão contestada por Moscou.

Em 2023, Putin decidiu não participar na cúpula do grupo BRICS organizada pela África do Sul por receio de ser preso. O TPI pediu oficialmente na sexta-feira à Mongólia, que assinou seu tratado em 2000 e o ratificou em 2002, que cooperasse com o tribunal e detivesse o presidente russo. As relações diplomáticas entre a Mongólia e a Rússia remontam a 1921, com embaixadas estabelecidas em Ulan Bator e Moscou desde 1922, reforçando a ligação entre os dois países, agora renovada em um contexto de crescentes tensões internacionais.

*Com informações da EFE

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