Argentina continuará a integrar Grupo de Lima durante governo de Fernández

Aliança de países não reconhece Nicolás Maduro e apoia o líder da oposição, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela

  • Por Jovem Pan
  • 14/12/2019 12h23 - Atualizado em 14/12/2019 12h24
EFE Alberto Fernandéz argentina Durante a campanha para as eleições, Fernández elogiou a postura de não intervenção adotada por países como Uruguai e México

O novo ministro das Relações Exteriores argentino, Felipe Solá, afirmou nesta sexta-feira (13) que a Argentina vai continuar a fazer parte do Grupo de Lima durante o governo do peronista Alberto Fernández. A intenção é expressar a posição do país sobre a crise na Venezuela.

“Não estamos satisfeitos, de forma alguma, com a situação na Venezuela e com o governo de Maduro, nem com a atitude da oposição em muitos casos”, disse o chanceler em entrevista à rádio “Metro”.

Durante a campanha para as eleições, Fernández chegou a questionar o Grupo de Lima — aliança de países que não reconhece Nicolás Maduro e apoia o líder da oposição, Juan Guaidó, como presidente interino — e elogiou a postura de não intervenção adotada por países como Uruguai e México, que apoiam o diálogo para solucionar a crise no país vizinho.

O governo argentino anterior fazia parte desse grupo, e o ex-presidente Mauricio Macri foi um dos mais críticos em relação ao regime chavista, que, por sua vez, manteve uma relação muito boa com os governos de Cristina Kirchner, agora vice-presidente.

Solá destacou que se for mantido o “método de repúdio, bloqueios, embargos e sanções” contra a Venezuela, o que se faz é prejudicar “um povo que está em uma situação absolutamente dramática”.

“Se continuarmos a usar os mesmos métodos, o que o governo de Maduro vai fazer é se fechar mais, pois também está preparado e disposto a lutar se for invadido. E falar sobre essas coisas é absurdo, falar sobre violência”, acrescentou.

Fernández, que assumiu a presidência na terça-feira passada, admitiu ver um “viés autoritário” na Venezuela, mas disse reconhecer Maduro como presidente, embora não tenha convidado o governante venezuelano para a cerimônia de posse. O ministro das Comunicações, Jorge Rodríguez, representou o país no ato.

Polêmica com os Estados Unidos

Ao ser questionado sobre o suposto desconforto do assessor de Donald Trump Mauricio Claver com o novo governo argentino devido a presença do ministro das Comunicações venezuelano na cerimônia de posse, Solá revelou que o governo norte-americano pediu à Fernández, antes de ser empossado, “uma importante gestão diante de Maduro”.

“O governo dos Estados Unidos havia solicitado uma postura importante em relação a Nicolás Maduro. O presidente Fernández fez isso, foi um sucesso e a resposta de um dos membros é ficar ofendido porque um ministro [da Venezuela] foi encontrado aqui [na Argentina]. Francamente”, argumentou.

Sem entrar em detalhes, o ministro acrescentou que “o que o governo americano pediu através de um secretário de Estado”, sem dizer qual, é que Fernández atuasse como um “gestor de assuntos que o interessam, especialmente questões humanitárias, ou supostamente humanitárias”.

Solá lembrou a reunião que Fernández e a equipe das Relações Exteriores tiveram na quarta-feira com o secretário adjunto do Departamento de Estado dos EUA para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Michael Kozak, também parte da delegação que chegou para a posse.

“O que propusemos é que nos respeitemos uns aos outros e tenhamos a melhor relação possível. Eles concordam. Dissemos o que pensamos de cada situação. Propusemos uma relação na qual não haveria surpresas. Se o presidente Fernández for convidado a tomar medidas, não pode haver surpresas porque um ministro está vindo”, reiterou.

Maduro não foi convidado para cerimônia de posse

O chanceler confirmou que Maduro não foi convidado para a cerimônia de posse, que contou com outros presidentes latino-americanos.

“Pensamos que, dada a situação internacional, era melhor ter uma certa neutralidade naquele dia. Há seis, sete ou mais países da América Latina com os quais queremos conversar sobre políticas e temos relações, e nos interessa muito recriar um órgão latino-americano que está claramente contra Maduro nesse momento. Portanto, é uma medida estratégica nossa”, enfatizou.

* Com EFE

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