Ataques a três casas de massagem geram temor entre comunidade asiática dos EUA
Apesar de seis das oito vítimas dos tiroteios serem mulheres de ascendência asiática, polícia descartou possibilidade de crime de ódio, gerando indignação entre essa população
Robert Aaron Long, de 21 anos, está sendo acusado de ter matado oito pessoas durante ataques armados a três casas de massagem do estado da Geórgia na última terça-feira, 16. O suspeito iniciou a sequência de tiroteios em um estabelecimento no condado de Cherokee no final da tarde, onde atingiu fatalmente quatro pessoas. Na sequência, ele dirigiu cerca de 50 quilômetros até duas casas de massagem que ficam uma de frente para a outra na capital Atlanta, deixando mais quatro vítimas. Através das imagens das câmeras de segurança, as autoridades locais identificaram o suspeito e conseguiram detê-lo. Robert Aaron Long confessou ter sido o autor dos crimes e admitiu que pretendia executar um plano semelhante no estado da Flórida.
Como seis das oito vítimas eram mulheres de ascendência asiática, o caso logo causou temor entre essa população, que ao longo do último ano tem sido erroneamente culpada pela pandemia do novo coronavírus e alvo de ataques discriminatórios nos Estados Unidos. A polícia, no entanto, logo descartou a possibilidade de se tratar de um crime de ódio, justificando que o autor do tiroteio disse que sua motivação não foi racista e que ele costumava frequentava casas de massagem. A hipótese dos policiais é que Robert Aaron Long realizou os tiroteios porque sofria de distúrbios sexuais e queria “eliminar a tentação” que as casas de massagem representam para ele.
A comunidade asiática dos Estados Unidos, que já vinha criticando essa postura das autoridades, viu com ainda mais indignação as declarações do porta-voz da polícia local, Jay Baker. Além de ter dito em coletiva de imprensa que o criminoso provavelmente só “estava tendo um dia ruim” quando assassinou oito pessoas, o porta-voz ainda postou em suas redes sociais uma foto de camisetas com estampas sugerindo que o novo coronavírus foi importado da “Chy-na”. Durante o final do seu mandato, o ex-presidente Donald Trump também usou várias vezes o termo “vírus chinês” para se referir ao Sars-Cov-2, causador da Covid-19.
De acordo com o Stop AAPI Hate Centro, que foi criado especialmente para registrar ataques contra asiáticos nos Estados Unidos, houve 3.800 relatos de incidentes desse tipo em menos de um ano. As estatísticas obtidas apontam que 68,1% das denúncias são relacionadas a xingamentos e humilhações verbais. Os mais atingidos por esses ataques, que acontecem principalmente em lojas (35,4%) e nas ruas (25,3%), seriam os chineses (42,2%). Além disso, os incidentes acontecem quase três vezes mais entre as mulheres do que entre os homens.
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