Audiência sobre documentos confidenciais de Trump termina sem data de julgamento

Advogados do ex-presidente querem que julgamento comece depois das eleições de 2024 para que processo não influencie em possível reeleição de Joe Biden

  • Por Jovem Pan
  • 19/07/2023 02h00
Bryan R. Smith / AFP donald trump tribunal nova york O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, chega antes de sua acusação no Tribunal Federal de Manhattan, na cidade de Nova York, em 4 de abril de 2023. O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, será autuado, terá suas impressões digitais e uma foto tirada em um tribunal de Manhattan na tarde de 4 de abril de 2023, antes de comparecer perante um juiz como o primeiro presidente americano a enfrentar acusações criminais

A juíza federal Aileen Cannon disse nesta terça-feira, 18, que está cética em relação ao pedido dos advogados de Donald Trump para que o julgamento do ex-presidente dos Estados Unidos sobre suposta manipulação de documentos confidenciais comece depois das eleições de 2024, às quais ele pretende concorrer pelo Partido Republicano. Durante uma audiência em um tribunal federal em Fort Pierce, no estado da Flórida, Cannon, que no mês passado definiu 14 de agosto como a data para o início do julgamento, também não se mostrou inclinada à proposta da promotoria de começar com a seleção do júri em 11 de dezembro. No entanto, ela anunciou que tomará a decisão em breve. A audiência durou quase duas horas e marcou a primeira vez que os advogados de ambos os lados se sentaram diante de Cannon, juíza responsável pelo caso e que foi nomeada para esse tribunal durante o mandato presidencial de Trump (2017-2021). Os advogados do ex-presidente – que não compareceu à audiência – pediram à magistrada que levasse em conta o status de Trump como favorito nas primárias do Partido Republicano ao definir a data do julgamento com júri.

Todd Blanche, um dos advogados de Trump, disse que será impossível ter um julgamento justo antes das eleições e afirmou que parte do público vê uma possível influência nesse caso por parte do atual governo de Joe Biden, que tentará se reeleger em 2024. Pelo lado da promotoria, David Harbach rechaçou categoricamente essa declaração e ressaltou que, para eliminar qualquer indício de “influência política”, o governo nomeou um promotor especial, Jack Smith, e que os membros da equipe são funcionários públicos de carreira. Cannon não se convenceu de que o status de Trump como candidato favorito na disputa interna que vai definir o candidato republicano é argumento suficiente para adiar o julgamento até meados de novembro do próximo ano, ou seja, logo após as eleições, mas aceitou a complexidade envolvida no manuseio de informações confidenciais. Os promotores do caso disseram que o processo de seleção do júri nesse caso poderia demorar mais do que o normal e que, por esse motivo, o julgamento deveria começar ainda neste ano.

Waltine Nauta, ex-assistente pessoal de Trump que também é acusado de supostamente ter manipulado irregularmente documentos confidenciais recuperados em 2022 por autoridades na casa do ex-presidente na Flórida, esteve no tribunal hoje com seu advogado. A audiência em Fort Pierce foi ofuscada por informações fornecidas hoje pelo próprio Trump sobre uma carta que ele teria recebido do promotor especial Jack Smith no domingo, informando-o de que é alvo de uma investigação sobre seu papel no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 por uma multidão de seus apoiadores. Do lado de fora do tribunal, hoje, havia apenas cerca de dez jornalistas, mas nenhum opositor ou apoiador do ex-presidente. Houve uma audiência de acusação no mês passado em um tribunal federal em Miami, onde centenas de apoiadores e críticos de Trump se reuniram. Naquela ocasião, o ex-presidente se declarou inocente dos sete crimes federais que enfrenta.

Em uma audiência posterior, também em Miami, Nauta também se declarou inocente de todos os seis crimes dos quais é acusado pela equipe do promotor Smith. Nauta, que foi assistente militar de Trump durante sua presidência, é apontado pela promotoria como um dos que transportaram caixas com documentos oficiais dentro da mansão do republicano em Mar-a-Lago, na Flórida, para que agentes do FBI e advogados do ex-presidente supostamente não pudessem encontrá-los. Trump alega que esse caso de documentos confidenciais e outros nos quais é acusado fazem parte de uma “caça às bruxas” supostamente desencadeada contra ele pelo presidente Joe Biden para impedi-lo de chegar novamente à Casa Branca.

*Com informações da EFE

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