Autor de massacre em escola da Flórida se livra de pena de morte e é condenado a prisão perpétua
Nikolas Cruz matou 17 pessoas e deixou vários feridos em um ataque a tiros na escola Marjory Stoneman Douglas de Parkland em fevereiro de 2018
Nikolas Cruz, um jovem que matou 17 pessoas em sua ex-escola de ensino médio na Flórida em fevereiro de 2018, se livrou nesta quinta-feira, 13, da pena de morte graças ao júri norte-americano que se negou a optar por essa opção e preferiu prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Depois de deliberar durante toda quarta-feira e, brevemente, nesta quinta, os jurados decidiram que Cruz, de 24 anos, deveria receber prisão perpétua pelos assassinatos de 14 estudantes e três funcionários da escola Marjory Stoneman Douglas de Parkland, na Flórida. A solicitação de pena de morte precisa ser unânime e pelo menos um ou mais dos 12 jurados considerou que não se justificava devido a circunstâncias atenuantes. A decisão encerra um julgamento iniciado há quase seis meses com a seleção do júri. O processo foi especialmente difícil para os familiares das vítimas que reviveram o horror do massacre através de depoimentos de testemunhas, gravações do tiroteio, fotos e análises de especialistas. Durante a leitura do veredicto, Cruz olhou fixamente para a mesa de defesa enquanto vários parentes das vítimas no setor público balançavam a cabeça incrédulos. Muitos choraram ao sair da sala de audiências e se abraçaram como forma de consolo.
“Não poderia estar mais decepcionado com o que aconteceu hoje”, disse Fred Guttenberg, cuja filha de 14 anos, Jaime, foi umas das vítimas fatais do ataque do Dia de São Valentim, há quatro anos. “Estou atordoado. Estou devastado”, acrescentou. “Há 17 vítimas que hoje não receberam justiça. Este júri hoje falhou com nossas famílias”. Lori Alhadeff, mãe de Alyssa, que tinha 14 anos quando Cruz a matou, disse que estava “indignada”. “Para que serve a pena de morte se não for pelo assassinato de 17 pessoas?”, disse. A advogada de defesa, Melisa McNeill, centrou sua estratégia em apresentar a infância traumática de seu cliente como circunstancia atenuante. Segundo ela, Cruz nasceu com transtorno de estresse alcoólico fetal, causado pelo consumo de álcool de sua mãe durante a gravidez, e cresceu em um lar problemático onde sua mãe adotiva também começou a beber. Essa infância e juventude causaram transtornos mentais que nunca foram devidamente diagnosticados.
“Estava condenado desde o útero. E, em uma sociedade civilizada e humana, nós matamos pessoas com danos cerebrais, doentes mentais e quebradas?”, argumentou. Apesar do juri poupar a vida de Cruz, a defesa da advogada não foi aceita por todos. Tony Montalto, cuja filha de 14 anos, Gina, foi morta no massacre, rejeitou esses argumentos. “Ele não merecia compaixão”, disse. “Ele mostrou compaixão por Gina quando colocou a arma contra o peito dela e decidiu puxar o gatilho?”. Os Estados Unidos foram palco de vários tiroteios sangrentos nos últimos meses, entre eles, o que deixou 19 crianças e dois adultos mortos em maio em uma escola primária em Uvalde, Texas. Após o massacre de Uvalde, foi aprovada uma modesta lei federal que prevê o aumento do financiamento para a segurança escolar e a saúde mental.
*Com informações da AFP
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