Biden desiste de candidatura à reeleição
Democrata, de 81 anos, engrossa, assim, o clube restrito de presidentes americanos em fim de mandato que jogaram a toalha na tentativa de conseguir a reeleição
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou, neste domingo (21), que desiste de tentar sua reeleição na disputa com Donald Trump, em um movimento histórico que mergulha a já turbulenta corrida pela Casa Branca de 2024 em território desconhecido. “Embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, disse Biden em uma carta publicada na rede X. O democrata, de 81 anos, engrossa, assim, o clube restrito de presidentes americanos em fim de mandato que jogaram a toalha na tentativa de conseguir a reeleição.
Histórico
O democrata, de 81 anos, engrossa assim o clube restrito de presidentes americanos em fim de mandato que jogaram a toalha em sua tentativa de conseguir a reeleição. Mas é o primeiro a fazê-lo a esta altura da campanha. E o único que teve que se dar por vencido devido às dúvidas sobre sua acuidade mental, após um desempenho desastroso no debate com Donald Trump. O anúncio era esperado por mais que sua equipe de campanha e ele próprio se empenhassem em afirmar que levaria a candidatura até o fim. Contudo, representa uma reviravolta em uma campanha que já experimentou muitas idas e vindas, sobretudo com a tentativa de assassinato contra Donald Trump em 13 de julho durante um comício. Agora, o Partido Democrata terá que encontrar um substituto ou uma substituta, faltando poucos dias para a convenção nacional marcada para começar em 19 de agosto em Chicago (norte). Kamala Harris seria uma escolha natural, mas não automática, para se tornar a candidata democrata.
O próprio Biden manifestou
A última palavra será dos delegados do partido: 3.900 pessoas com perfis muito distintos e em sua maioria completamente desconhecidas da opinião pública.
Desempenho desastroso
O desempenho desastroso de Joe Biden durante o debate em 27 de julho com Donald Trump precipitou os acontecimentos. Naquele dia, desde os primeiros segundos da batalha verbal que ele mesmo havia convocado, dezenas de milhões de telespectadores viram um Biden titubeante, confuso – uma imagem que deixou os democratas consternados e desorientados. Ele estava resfriado e tossia com frequência. Sua voz estava apagada, ficava travado ao falar e deixou frases inacabadas. Foi um espetáculo doloroso que trouxe dúvidas sobre sua idade, que seu círculo mais próximo se esforçava para dissipar. Assim que o debate acabou, a pergunta era inevitável: quem seria o primeiro a lhe pedir que passasse o bastão? O nervosismo se espalhou e alguns democratas chegaram a pedir sua saída publicamente. Com o passar dos dias, foram-se somando pesos-pesados do partido. Um após o outro, assustados com as pesquisas que o davam como perdedor e temendo uma vitória avassaladora do republicano Donald Trump, deram-lhe as costas. A princípio, em caráter privado, sugerindo que reconsiderasse sua candidatura. A imprensa americana, citando fontes anônimas, noticiaram que o ex-presidente Barack Obama, a ex-chefe da Câmara de Representantes Nancy Pelosi e os líderes democratas no Congresso Chuck Schumer e Hakeem Jeffries expressaram preocupação. E as imagens de Joe Biden testando positivo para a covid-19, descendo com dificuldade as escadas de seu avião, só aumentaram o nervosismo de seus aliados. Enquanto isso, Donald Trump, que sobreviveu milagrosamente a uma tentativa de assassinato, parece desfrutar de um estado de graça, com vitórias jurídicas e a consagração na convenção do Partido Republicano. Mas é o primeiro a fazê-lo a esta altura da campanha. E o único que teve que se dar por vencido devido às dúvidas sobre sua acuidade mental após um desempenho desastroso no debate com seu adversário, o republicano Donald Trump.
Leia na íntegra o comunicado divulgado pelo presidente americano:
Meus caros americanos,
Nos últimos três anos e meio, nós tivemos um grande progresso como nação.
Hoje, os Estados Unidos tem a economia mais forte do mundo. Nós fizemos investimentos históricos para reconstruir a nossa nação, em diminuir os custos de medicamentos para idosos e expandir um sistema de saúde acessível para um número recorde de americanos. Nós fornecemos cuidado criticamente necessário para milhões de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovamos a primeira lei de segurança de armamentos em 30 anos. Nomeamos a primeira mulher afro-americana na Suprema Corte. E aprovamos a legislação climática mais significativa da história mundial. Os Estados Unidos nunca estiveram em uma posição para liderar tão boa quanto a que estamos hoje.
Eu sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, nós superamos uma pandemia única em um século e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Nós protegemos e preservamos a nossa democracia. E nós revitalizamos e fortalecemos nossas alianças ao redor do mundo.
Tem sido a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E mesmo que minha intenção seja a de buscar a reeleição, acredito ser do melhor interesse do meu partido e do país que eu abra mão da candidatura e foque apenas em cumprir com meus deveres enquanto presidente pelo resto do meu mandato.
Vou me dirigir à nação durante esta semana com mais detalhes sobre a minha decisão.
Por ora, gostaria de expressar minha mais profunda gratidão por todos aqueles que trabalharam tão duro para que eu fosse reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris pela extraordinária parceria neste trabalho. E quero expressar minha profunda apreciação ao povo americano pela fé e confiança que colocaram em mim.
Acredito hoje no que sempre acreditei: não há nada que os Estados Unidos não possam fazer – quando fazemos juntos. Nós só precisamos nos lembrar que somos os Estados Unidos da América.
Publicado por Heverton Nascimento
*Com informações de AFP
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