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Biden envia 24 mil agentes à fronteira com México para conter aumento da imigração ilegal

Agente da Patrulha de Fronteira caminha ao longo de uma fila de migrantes esperando para se entregar aos agentes da Patrulha de Fronteira e Proteção de Fronteira dos EUA para processamento perto do Porto de Entrada de Paso del Norte depois de cruzar a fronteira EUA-México em El Paso, Texas, em 9 de maio 2023

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enviou 24 mil agentes para a fronteira com o México, um dia antes do fim da política chamada título 42, que permite que o país expulse imediatamente imigrantes que entrem de maneira ilegal e que venham de países onde há risco sanitário. “Será caótico por um tempo”, disse o presidente na noite de terça-feira, 9. Há meses ele incentiva os migrantes a aproveitarem os programas que tentam evitar aglomerações em sua fronteira sul. Em vigor desde 2020, pelo então presidente Donald Trump, a medida expira na quinta-feira, 11, às 23h59, horário de Washington (00h59 em Brasília). A administração Biden tenta agora convencer os migrantes a recorrerem a “vias legais”, como marcar uma consulta no aplicativo móvel CBP One para pedir asilo em um porto de entrada, recorrer a uma autorização de reunificação familiar ou inserir-se em um programa que autoriza a entrada de 30 mil pessoas por mês da Venezuela, Nicarágua, Cuba e Haiti por motivos humanitários. No final de fevereiro, o governo dos EUA propôs novas regras que limitam o acesso ao asilo. Nesta quarta-feira, 10, submeterá as regras de elegibilidade de asilo “para inspeção pública”, a etapa anterior à sua publicação no registro federal, de acordo com informações de um funcionário do governo, que pediu anonimato.

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Biden e seu colega mexicano, Andrés Manuel López Obrador, conversaram por videoconferência sobre as consequências da suspensão desta norma.  Os dois presidentes precisam se coordenar porque, assim que a norma sanitária for suspensa, será usado exclusivamente o Título 8, que permite pedir asilo desde que o solicitante consiga convencer que será perseguido ou torturado se voltar ao seu país, mas também autoriza a deportação acelerada dos demais. O aumento esperado do número de imigrantes deixaria ainda mais à mostra as divisões profundas nos Estados Unidos, país fundado sobre as promessas de segurança e refúgio, mas onde a preocupação com a imigração ilegal torna incerta a sua acolhida. As cidades texanas de El Paso, Brownsville e Laredo declararam estado de emergência e lidam como podem com centenas de pessoas, a maioria da América Latina, e outras de China, Rússia e Turquia. Em El Paso, alguns migrantes dormem nas ruas, se protegem do sol com mantas ou descansam sobre papelões. Menores imundos pedem esmolas. O prefeito da cidade, Oscar Leeser, advertiu que seus oficiais se preparavam para a chegada de muitos mais na sexta-feira, após uma visita recente à cidade mexicana de Ciudad Juárez. “Na rua, calculamos [que havia] entre 8.000 e 10 mil pessoas”, disse.

O que vai acontecer quando expirar o título 42?

O Título 42 é uma norma sanitária ativada durante o mandato do ex-presidente republicano Donald Trump, com o suposto objetivo de prevenir a entrada de pessoas com Covid-19 no país. A medida permite expulsar automaticamente quase todos os migrantes que chegam sem visto ou a documentação necessária para entrar. Desde que foi ativado, em 2020, até final de março de 2023, o Título 42 foi invocado quase 2,8 milhões de vezes para expulsar migrantes, segundo o Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras dos Estados Unidos (CBP). Estima-se que com o fim da medida, mais de 12 mil pessoas possam entrar ilegalmente nos Estados Unidos todos os dias. A possibilidade de que sua suspensão faça disparar o número de migrantes, muitos deles latino-americanos pobres ou vítimas de violência e corrupção, levou o presidente democrata Joe Biden a adotar novas regras, com recompensas para aqueles que as seguirem, mas que as associações de defesa de migrantes consideram insuficientes e defeituosas. E continuará usando outras existentes, como:

Título 8: disposição migratória aplicada há décadas que permite expulsar qualquer um que entre no país sem visto ou documentação solicitada. Ao contrário do 42, o título 8 prevê sanções: se o migrante tentar entrar novamente, sem uma documentação válida, pode ser penalizado com uma proibição de retorno de ao menos cinco anos e possíveis processos penais. Quando um migrante chega, o Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras dos Estados Unidos realizam entrevistas de elegibilidade, nas quais avaliam se existe risco de que a pessoa seja perseguida ou torturada caso retorne a seu país. Se o risco existir, um processo migratório será iniciado e ele deve se apresentar a um juiz. Porém, ele tanto pode ficar no país ou ser enviado ao México, em virtude da política conhecida como “Fique no México”, para aguardar a audiência judicial.

Centros regionais: Estados Unidos querem abrir centros regionais de processamento em toda a América Latina, começando por Guatemala e Colômbia, para pré-selecionar os migrantes que poderão entrar no país. Nestes centros, especialistas e funcionários americanos determinarão se os migrantes “são elegíveis” a receber um status de refugiado, uma autorização de permanência temporária, de imigração familiar ou uma permissão para trabalhar.

Aplicativo móvel: CBP One permite aos migrantes no centro ou norte do México agendar hora e local para se apresentar em um porto de entrada. A partir de sexta-feira “o acesso” ao aplicativo será ampliado, com até 1.000 consultas diárias que poderão solicitar durante 23 horas todos os dias. O governo disse que dará prioridade aos migrantes “que esperam há mais tempo”. As consultas serão oferecidas para oito portos de entrada: Brownsville, Paso Del Norte em El Paso; Eagle Pass, Hidalgo e Laredo no Texas; Calexico e San Ysidro na Califórnia e Nogales no Arizona.

Cotas de migrantes: Há alguns meses, os Estados Unidos permitem a entrada mensal de 30.000 migrantes de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, mas devem solicitar o acesso dos países pelos quais transitam ou o agendamento de uma consulta online. Além disso, os solicitantes devem contar com um patrocinador nos Estados Unidos e chegar de avião.

Imigração familiar: O governo garante que “está simplificando” os processos de permissão de imigração familiar para cubanos e haitianos e os estenderá a cidadãos de El Salvador, Guatemala, Honduras e Colômbia.

*Com informações da AFP

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