Bolívia terá novas eleições em janeiro, diz senadora cotada para assumir governo
A senadora Jeanine Añez, segunda vice-presidente do Senado da Bolívia, e primeira na linha sucessória após a renúncia de Evo Morales, afirmou nesta segunda-feira (11) que serão convocadas eleições para que o País tenha um novo presidente eleito já em janeiro.
“Vamos convocar eleições com personalidades comprovadas, que realizem um processo eleitoral que reflita o desejo e o sentimento de todos os bolivianos”, disse à imprensa na entrada da Assembleia Legislativa de La Paz.
A renúncia de Evo Morales deixou um vácuo de poder no País. Isso porque renunciaram também o ex-vice-presidente do país, o presidente da Câmara de Deputados e a presidente do Senado. A Constituição boliviana estabelece que “em caso de impedimento ou ausência definitiva do presidente, ele será substituído pelo vice-presidente e, na ausência deste, pelo presidente do Senado, e na ausência deste pelo presidente da Câmara dos Deputados. Neste último caso, novas eleições serão convocadas dentro de um período máximo de noventa dias”.
A segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, reivindicou seu direito de assumir a presidência da Bolívia. “Ocupo a segunda vice-presidência e, na ordem constitucional, me corresponderia assumir esse desafio com o único objetivo de convocar novas eleições”, explicou Añez.
Opositor nega golpe
O líder opositor boliviano Luis Fernando Camacho negou nesta segunda-feira que a renúncia de Evo Morales tenha representado um golpe de Estado na Bolívia e pediu uma transição pacífica na presidência.
“Nossa posição foi tomada a partir da resistência pacífica nas ruas, pedindo novas eleições e, finalmente, uma renúncia baseada na palavra do presidente Morales, que havia prometido que se houvesse mortes em seu governo ele renunciaria”, disse Camacho em vídeo publicado por ele nas redes sociais.
Na véspera, o líder do grupo oposicionista Comitê Pró Santa Cruz havia pedido a renúncia não apenas de Morales, mas de todos os parlamentares e autoridades judiciais para abrir espaço para um governo de transição formado por notáveis, que convocariam novas eleições. “Não derrubamos governos, libertamos um povo na fé”, afirmou.
Camacho chegou a La Paz na semana passada com a intenção de entregar a Evo Morales pessoalmente uma carta para que renunciasse. O opositor e o também ex-presidente Carlos Mesa, derrotado nas urnas, vinham sendo apontados por Evo como principais responsáveis pela crise política na Bolívia.
Além do ex-chefe de governo, que ocupou a presidência de 2006 até ontem e havia sido reeleito para um quarto mandato, renunciaram ministros, parlamentares e governadores.
* Com informações do Estadão Conteúdo
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