Brics pedem estreitamento de laços para recuperação pós-pandemia

Os líderes da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul manifestaram o desejo de uma maior união do bloco para superar a crise do coronavírus sanitária e economicamente

  • Por Bárbara Ligero
  • 17/11/2020 15h10 - Atualizado em 17/11/2020 15h55
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EFE/EPA/ALEXEI NIKOLSKY/SPUTNIK /KREMLIN A reunião, convocada pelo presidente russo Vladmir Putin, aconteceu de maneira virtual

Nesta terça-feira, 17, os países que compõem o bloco econômico Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – se reuniram em uma cúpula virtual convocada por Vladimir Putin. O presidente russo pediu que os chefes de governo desses países se unam para a criação de um centro para o desenvolvimento e pesquisa de vacinas, ideia que já havia sido levantada dois anos atrás. Putin defendeu que é preciso dar passos coletivos na luta contra o novo coronavírus, aumentando a interação entre os serviços epidemiológicos dos Brics. Em resposta, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, lembrou que o seu país, juntamente com a África do Sul, já propôs isenções em acordos de propriedade intelectual relacionadas às vacinas, aos tratamentos e aos testes relacionados à Covid-19. “Esperamos que os outros países do BRICS apoiem esta proposta”, pediu o líder indiano. Modi também ressaltou que a Organização Mundial da Saúde (OMS), assim como outras instituições globais, precisam passar por reformas para se adaptarem “à realidade atual” e que as economias dos BRICS, que representam mais de 42% da população mundial, desempenharão um papel importante na recuperação global da pandemia. Dando a entender que deseja uma extensão de acordos multilaterais, ele afirmou que “há muito espaço para os BRICS aumentarem seu comércio comum”.

O presidente da China, Xi Jinping, dedicou boa parte do seu discurso ao novo coronavírus, que para ele continua a representar uma séria ameaça à vida e à renda das pessoas em todo o mundo. “Toda a humanidade está enfrentando a pior pandemia do século passado. O comércio e os investimentos internacionais diminuíram significativamente. Os fatores de instabilidade são muitos”, advertiu. O chefe de governo chinês deixou claro que também vê no multilateralismo o único meio dos países que fazem parte do acordo econômico alcançarem a paz e o desenvolvimento. Para ele, a abordagem unilateral e a política baseada na força só podem levar a novos confrontos. “Devemos olhar juntos para o futuro”, frisou.

Em concordância o que já havia sido falado até então, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, também pediu que os laços comerciais entre os países-membro do bloco econômico fossem fortalecidos a fim de acelerar a recuperação africana pós-pandemia. “Pedimos aos nossos parceiros do BRICS que aumentem os investimentos não apenas na África do Sul, mas em todo o continente, especialmente no setor de manufatura”, declarou. O chefe de governo sul-africano argumentou dizendo que os países parceiros podem obter benefícios consideráveis investindo no continente, “especialmente com a implementação da Área de Livre Comércio Continental Africano a partir de 2021”. Reiterando a fala do primeiro-ministro da Índia, Ramaphosa defendeu a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento de vacinas em comum entre os BRICS. “Está claro a partir desta pandemia que devemos fortalecer o multilateralismo como o meio preferido para promover nossos interesses mútuos”, afirmou.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou que o país está em “perfeita sintonia” com o que foi dito com os demais países-membro do BRICS e defendeu que a questão sanitária e a questão econômica devem ser tratadas “simultaneamente” e com a “mesma responsabilidade”. Ele concordou com o primeiro-ministro da Índia sobre a Organização Mundial da Saúde (OMS) precisar passar por reformas, nas palavras de Bolsonaro, “urgentemente”. “Temos que reconhecer a realidade de que não foram os organismos internacionais que superaram desafios, mas a coordenação entre os nossos países”, afirmou.

Terrorismo e Mudanças Climáticas

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, também abordou o tema do terrorismo durante a sua fala desta terça-feira, 17. Ele defendeu que o terrorismo é “o maior problema” que o mundo enfrenta atualmente e que os países que “apoiam e ajudam os terroristas também devem ser responsabilizados”. “É um problema que temos que enfrentar de uma forma comum”, disse o governante. Bolsonaro respondeu dizendo que o Brasil está “comprometido no combate ao terrorismo”.

Outro assunto abordado para além do coronavírus foi o Acordo de Paris. O presidente da China, Xi Jinping, afirmou que é necessário “cumprir o Acordo de Paris com base no princípio da responsabilidade comum”. “Temos que alcançar a harmonia entre o homem e a natureza. O aquecimento global não parou por causa da pandemia”, disse o líder chinês. Xi Jinping afirmou estar comprometido em aumentar suas contribuições voluntárias internas para que as emissões de CO2 da China diminuam até 2030 e o país se torne neutro em carbono até 2060. Sobre as questões ambientes, Bolsonaro comentou que o Brasil irá divulgar uma lista de países que importam madeira ilegal proveniente da floresta amazônica e também afirmou que os membros do governo estão “comprometidos também no tocante à emissão de carbono”.

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