CEO morto em submersível do Titanic trocou aço por titânio para reduzir os custos de fabricação e operação do veículo
Ex-sócio de Stockton Rush, Guillermo Sohnlein, contou que eles queriam seguir o exemplo de Elon Musk na SpaceX e usar capital privado para construir submarinos de mergulho profundo
Stockton Rush, CEO da OceanGate que morreu na implosão do submersível do Titanic, trocou o aço pelo titânico na construção da embarcação para reduzir os custos de fabricação e operação do veículo, revelou o ex-sócio de Rush, Guillermo Sohnlein. Segundo ele, por volta de 2013, o CEO teria começado a falar publicamente sobre aposentar o submersível Cyclops I e substituí-lo por um protótipo mais barato. Em entrevista ao ‘The New York Times’, Sohnlein explicou qual era o objetivo dele em fazer essa alteração. “Nossa teoria era que, se pudéssemos seguir o exemplo de Elon Musk na SpaceX e usar capital privado para construir submarinos de mergulho profundo, poderíamos torná-los disponíveis para qualquer pessoa que precisasse deles, pesquisadores, cineastas, exploradores, a uma fração do custo”, contou. Ele classificou Rush como averso a riscos. Graham Hawkes, engenheiro e especialista em submarinos que conhecia o CEO da OceanGate, disse ao jornal americano, que lamenta não ter avisa Rush dos riscos do material. Segundo ele, a fibra de carbono era um material pouco confiável, pois em um dia pode descer até 3 mil metros e, no dia seguinte, implodir ao chegar em 2.700, porque a estrutura poderia sofrer danos impossíveis de serem detectados. Faz sete anos que a OceanGate começou a anunciar expedições até os destroços do Titanic com o Titan, submarino que acomodava até cinco passageiros. Ao todo, a embarcação tinha feito 14 descidas.
Apesar de Hawkes não ter avisado Rush sobre os riscos, outras pessoas fizeram. Inclusive exploradores do fundo do mar e oceanógrafos alertaram CEO em uma carta que a abordagem “experimental” da empresa poderia levar a problemas potencialmente “catastróficos” na missão do Titanic. “Nós sugerimos: ‘Olha, você está indo rápido demais, e a ideia de contornar o processo de classificação existente pode levar a consequências graves”, lembrou Will Kohnen, chefe do comitê de veículos submarinos tripulados da Sociedade de Tecnologia Marinha, na quinta-feira, 22. Ele também informou que na ocasião Rush ameaçou deixar completamente o grupo da indústria. No site da OceanGate foi informado em 2019, que o processo de certificação era muito lento para acompanhar o ritmo de inovação rápida da empresa. Rush chegou a chamar os submarinos em geral de “obscenamente seguros” e reclamou que a indústria era muito cautelosa. Algo parecido com a implosão que aconteceu já tinha siso registrado em 2019 em um mergulho nas Bahamas. Karl Stanley, que opera um submarino turístico em Honduras há décadas, contou que na expedição que estavam fazendo, o veículo emitiu um som tão assustador de rachadura que o Stanley implorou ao empresário para cancelar as expedições ao Titanic que já haviam sido anunciadas para junho. Naquela vez, a OceanGate cancelou os mergulhos para aquele ano, alegando que não havia conseguido obter permissões para uma embarcação de apoio à pesquisa.
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