China aprova vacina da Sinopharm contra Covid-19 e deve distribuí-la gratuitamente

Apesar disso, a empresa vai continuar conduzindo ensaios clínicos de acordo com os prazos estabelecidos

  • Por Jovem Pan
  • 31/12/2020 11h52
ANDRE MELO ANDRADE/IMMAGINI/ESTADÃO CONTEÚDO O plano agora envolve -- dependendo do aumento da capacidade de produção -- a primeira vacinação de grupos de alto risco

A China concedeu, nesta quinta-feira, 31, a primeira autorização de comercialização de uma das vacinas contra Covid-19 desenvolvidas no país. A vacina em questão é uma das duas desenvolvidas pela farmacêutica estatal Sinopharm e o objetivo do governo é administrá-la gratuitamente aos cidadãos chineses. A Sinopharm e a sua subsidiária, o Instituto de Produtos Biológicos de Pequim, solicitaram na quinta-feira, 30, a aprovação da Administração Nacional de Produtos Médicos (NMPA) após informar que a eficácia da vacina era de 79,34%, de acordo com os dados provisórios dos ensaios clínicos da fase 3.

Em uma entrevista coletiva realizada em Pequim, o vice-presidente da NMPA, Chen Shifei, explicou que a instituição concluiu que “os benefícios conhecidos e potenciais desta vacina superam seus riscos conhecidos e potenciais” e que ela atende aos padrões estabelecidos para a aprovação condicional de comercialização. O vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Zeng Yixin, afirmou que, embora o preço de produção varie de acordo com a escala em que a vacina é utilizada, trata-se de um “bem público”. Portanto, a premissa é que no futuro ela será “fornecida gratuitamente à população” da China.

Em agosto, o presidente da Sinopharm, Liu Jingzhen, havia anunciado que o preço das duas doses necessárias não passaria de 1000 iuanes (US$ 153), o que excederia significativamente o de outras vacinas contra a Covid — como as de Pfizer e Moderna, que além disso apresentaram eficácia de mais de 90% nos últimos testes. Essas vacinas das farmacêuticas americanas são baseadas em uma nova técnica, a de RNA mensageiro, em vez do método tradicional — que utiliza vírus vivos ou inativados, como é o caso da produzida pela Sinopharm — embora a necessidade de mantê-las em temperaturas muito baixas torne difícil sua distribuição.

Condições

O asterisco que acompanha a aprovação de Pequim é que a Sinopharm continuará a conduzir seus ensaios clínicos, de acordo com os prazos estabelecidos, e enviará os coletados às autoridades médicas do país para verificação e registro final. Chen explicou que, segundo a legislação chinesa, uma vacina pode ser aprovada condicionalmente quando é “urgentemente necessária para responder a grandes emergências de saúde pública”. A NMPA continuará a avaliar outras vacinas que estão sendo desenvolvidas com o objetivo de “garantir que todas sejam seguras e eficazes, e que sua qualidade seja controlável”.

O breve anúncio dos resultados do ensaio da fase 3 não incluiu dados como o número de participantes que contraíram o vírus, os efeitos colaterais relatados ou por que a eficácia de 79,3% é inferior à de 86% relatada há algumas semanas pelas autoridades dos Emirados Árabes Unidos. Por outro lado, em linha com os dados informados pelo país árabe, a taxa de soroconversão de anticorpos neutralizantes da vacina chinesa é de 99,5%. Na entrevista coletiva de hoje também não foram divulgados esses dados, o que deve acontecer “mais tarde, nas revistas médicas chinesas e de outros países”, segundo Wu Yonglin, vice-presidente da CNBG, subsidiária da Sinopharm.

Wu disse que os testes foram realizados com mais de 70.000 pessoas em países como EAU e Bahrein — ambos aprovaram estas vacinas antes mesmo da China — com padrões “que superam os existentes, incluindo os da OMS (Organização Mundial da Saúde)”. De qualquer forma, as dúvidas ainda a serem esclarecidas não desencorajaram os investidores da Sinopharm, cujas ações na bolsa de Hong Kong subiram 3,4% pouco antes do final do pregão desta quinta.

Barreira imunológica em 2021?

O plano agora envolve — dependendo do aumento da capacidade de produção — a primeira vacinação de grupos de alto risco, como idosos e pessoas com doenças crônicas, antes da administração gradual ao resto da população. Para formar uma “barreira imunológica” contra o novo coronavírus na China, cerca de 700 milhões de cidadãos precisam ser vacinados — ou seja, é precis 1,4 bilhão de doses da vacina. Por enquanto, a capacidade de produção da vacina da empresa é de cerca de 120 milhões de doses, mas Yang disse esperar que ela seja expandida para um bilhão até 2021.

*Com informações da EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.