Com vitória esmagadora, trabalhistas voltam ao poder no Reino Unido após 14 anos
As eleições desta quinta foram as primeiras desde 2019 e a primeira sem a Rainha Elizabeth II; é primeira vez que o Charles vai eleger um premiê
O Partido Trabalhista, liderado por Keir Starmer, venceu as eleições gerais realizadas na quinta-feira no Reino Unido por uma esmagadora maioria absoluta, enquanto o Partido Conservador do atual primeiro-ministro, Rishi Sunak, sofreu a pior derrota da sua história após 14 anos no poder. Com quase todos os 650 assentos do novo Parlamento já definidos na manhã desta sexta-feira (restando apenas três que serão divulgados amanhã), o partido de centro-esquerda tem 412, mais que o dobro dos 202 da última legislatura e seu melhor resultado desde o recorde de 418 alcançado em 1997 pelo antigo líder Tony Blair. Por sua vez, a legenda de Sunak está se afundando em uma crise sem precedentes, com apenas 120 assentos até o momento, bem longe dos 365 conseguidos nas eleições de 2019, que Boris Johnson venceu com a promessa de executar o Brexit.
SUNAK PARABENIZA STARMER.
Depois de saber da sua reeleição como deputado pelo distrito eleitoral de Richmond e Northallerton, Sunak admitiu que “o Partido Trabalhista ganhou estas eleições”, enquanto o seu rival, Keir Starmer, comemorou a vitória e declarou que “a mudança começa agora”. “Conseguimos!”, disse um exultante Starmer em um discurso aos seus apoiadores, no qual garantiu que o país tem agora “a oportunidade de recuperar o seu futuro”. Na sua opinião, os britânicos acordarão hoje e descobrirão que “um peso foi finalmente tirado dos ombros desta grande nação”.
Do outro lado, Sunak felicitou o líder trabalhista pela sua vitória e pediu desculpas pelos maus resultados da sua legenda.
“Hoje, o poder mudará de mãos de forma pacífica e ordenada, com boa vontade de todas as partes. Isto deverá dar confiança a todos na estabilidade do nosso país e no seu futuro”, afirmou.
O ainda primeiro-ministro reconheceu que há “muito que aprender e refletir” diante do desastre do seu partido e assumiu “a responsabilidade pela perda de muitos candidatos conservadores que trabalharam arduamente”.
Com ar triste, Sunak pediu desculpas e anunciou que viajará de seu distrito eleitoral no norte da Inglaterra até Londres para deixar a liderança do Executivo, ao qual “deu tudo”, e em seguida dará mais detalhes sobre os próximos passos.
AVANÇO POPULISTA E RECUO INDEPENDENTISTA.
A queda dos conservadores deve-se em parte ao avanço sem precedentes da legenda populista de direita Reform UK, do ex-eurodeputado eurofóbico Nigel Farage, que ganhou pessoalmente um assento na Câmara dos Comuns após sete tentativas, enquanto a expectativa é que seu partido chegue a 13 no total.
Já o Partido Liberal Democrata, liderado por Ed Davey e que protagonizou uma campanha eleitoral movimentada, é mais uma vez a terceira força parlamentar depois de anos em declínio, uma vez que já tem 71 assentos, arrancados principalmente dos conservadores no sul de Inglaterra.
Outro revés significativo nestas eleições é o do Partido Nacional Escocês (SNP), que até agora tem nove deputados na Câmara dos Comuns – bem distante dos 43 que teve na última legislatura.
Isto significa que os independentistas deixarão de ser o partido dominante na Escócia, em benefício do Partido Trabalhista, embora em princípio o SNP continue a liderar o governo autônomo escocês até as próximas eleições regionais.
No sistema eleitoral britânico, vence o candidato com mais votos em cada um dos 650 distritos eleitorais, independentemente da percentagem de votos dos partidos em nível nacional.
Nas próximas horas, Sunak deixará a chefia do Executivo para dar lugar a Starmer, que se tornará primeiro-ministro após receber a ‘permissão’ do rei Charles III, como manda a tradição.
Uma vez no número 10 de Downing Street, seu escritório e residência oficial, ele deverá fazer seu primeiro discurso à nação e começar a nomear seus ministros.
O novo Parlamento será inaugurado na próxima terça-feira com a eleição do presidente e no dia 17 de julho o rei abrirá oficialmente a sessão com um discurso em que anuncia o programa legislativo do governo.
*Com informações da EFE
publicado por Tamyres Sbrile
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