Congresso dos EUA aprova suspensão do teto da dívida e evita calote histórico

Foram 63 votos a favor e 36 contra; questão do endividamento só retorna ao debate político após as eleições presidenciais de 2024

  • Por Jovem Pan
  • 02/06/2023 11h17
US SENATE / AFP congresso eua Congresso aprovou por 63 votos a favor e 36 contra a suspensão da dívida

O Congresso dos Estados Unidos aprovou na noite de quinta-feira, 1, a suspensão do teto da dívida do país de US$ 31,4 trilhões (cerca de R$ 158 trilhões), após semanas de negociações tensas e a apenas quatro dias da data limite para evitar a ameaça de um ‘default’ (interrupção de pagamentos das obrigações) desastroso. Foram 63 votos a favor e 36 contra, com isso, dá um respiro para o presidente norte-americano, Joe Biden, e significa que a questão da dívida só retorna ao debate político após as eleições presidenciais de 2024. “Ninguém consegue tudo o que deseja em uma negociação, mas não se enganem: este acordo bipartidário é uma grande vitória para a nossa economia e para o povo americano”, afirmou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em comunicado divulgado nas redes sociais. Ele também informou que promulgará a lei “o mais rápido possível” e discursará à nação nesta sexta-feira, 2. Se a Câmera dos Deputados, que está dividida, não tivesse chegado a um acordo, esse poderia ser um dos maiores calotes da história recente dos EUA, que tinha possibilidade para virar algo maior e desestabilizar, não só a economia norte-americana, como os mercados financeiros do mundo inteiro. Se ficasse inadimplente, o governo seria impedido de pegar mais dinheiro emprestado e de pagar todas as suas contas,

O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, destacou que o país pode “respirar aliviado” depois de evitar um colapso econômico “catastrófico”. “Porém, com todos os altos e baixos, voltas e reviravoltas, que custaram para chegar aqui, é tão bom para o país que os dois partidos tenham conseguido unir-se para evitar o default”, acrescentou. Kevin McCarthy, o republicano que é presidente da Câmara de Representantes, afirmou que o projeto de lei, negociado por várias semanas, foi uma grande vitória para os conservadores, apesar das críticas que recebeu dos congressistas de extrema-direita, que o acusaram de fazer muitas concessões. Os economistas tinham alertado que o país poderia ficar sem liquidez para pagar suas obrigações a partir de segunda-feira, 5, o que deixava uma margem estreita para a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que prorroga a autorização de endividamento do país até 2024, em troca de um corte nos gastos federais. Os líderes democratas passaram meses alertando para o colapso que o primeiro ‘default’ na história dos Estados Unidos poderia provocar, incluindo as perdas de milhões de empregos e de quase 15 trilhões de dólares no patrimônio das famílias, além do aumento dos custos das hipotecas e de outros empréstimos.

dívida eua

O projeto de lei – que segue para o gabinete de Biden para a promulgação – encerrou um dia de intensas negociações entre os líderes partidários e integrantes das bancadas, que haviam ameaçado a aprovação rápida do projeto com reclamações de última hora sobre os detalhes. O limite da dívida foi elevado mais de 100 vezes para permitir que o governo cumpra os seus compromissos de gastos, geralmente sem protestos e com o apoio de democratas e republicanos. Os dois partidos consideram que aumentar o limite da dívida é politicamente tóxico, mas reconhecem que não adotar a medida levaria a economia americana a uma recessão, com efeitos catastróficos para os mercados mundiais. Os republicanos esperavam usar o aumento da dívida como ferramenta de campanha e criticar o que consideram gastos excessivos do governo democrata antes das eleições presidenciais de 2024, embora os aumentos no teto da dívida cubram apenas os compromissos já assumidos pelos dois partidos.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.