Conheça a história das ‘casas de bruxa’ que têm se popularizado no Japão

País tem mais de 8,5 milhões de akiyas, e perspectiva é que quantidade aumente; até 2033, um terço de todas as moradias da terra do sol nascente estarão desocupadas, aponta relatório

  • Por Jovem Pan
  • 23/05/2023 18h20 - Atualizado em 25/05/2023 11h59
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Reprodução/Site/KORYOYA casa de bruxas Japão tem mais de 8,5 milhões de 'Casas de bruxa'

Quem anda pelas ruas do Japão, cada vez mais tem se deparado com as “casas de bruxa”, residências abandonadas e com aspecto de filme de terror, cada vez mais comum no país (são mais de 8,5 milhões), já que há mais moradias do que habitantes. Segundo dados obtidos pela BBC, só em 2018, 13,6% das propriedades da terra do sol nascente eram registradas como “akiyas”, ou seja, que não tem herdeiros ou inquilinos. Diante do envelhecimento da população — 20% tem mais de 70 anos e as taxas de natalidade estão caindo —, a tendência é que esse cenário piore, e a quantidade de casas de bruxa, que já são presentes em vilarejos e nas grandes cidades, aumentem. Desde 2008, a população japonesa já perdeu 2 milhões de pessoas. Um relatório do Instituto de Pesquisa Nomura divulgado pelo “The Japan Time” mostrou que, até 2033, um terço de todas as casas japonesas estarão desocupadas.

Cidades na região metropolitana de Tóquio, capital do país, possuem ruas tomadas por essas moradias abandonadas. Em Setagaya, por exemplo, existem 50 mil akiyas. Se humanos não habitam esses espaços, as casas viraram o lugar favorito para coelhos, cães e guaxinins, que fazem dessas moradias o seu paraíso. Segundo o “Times” o ciclo de vida dessas casas é: proprietários envelhecem, morrem e os herdeiros, quando existem, as abandonam e vão morar nos grandes centros urbanos. Isso porque é mais fácil para eles esquecer esses lugares do que demolir ou revitalizar, pois sairia caro. “Para os filhos de pais recentemente falecidos, a casa antiga em um beco estreito de Tóquio se torna mais um peso do que um bem. As casas de bruxa são contagiosas, o conjunto de casas abandonadas ainda prejudica o valor daquelas ao redor”, explica o editor de Ásia do “The Times”.

Como forma de tentar combater esse problema, prefeituras japonesas estão oferecendo casas gratuitas ou por pechincha para novos moradores. Eles já chegaram a oferecer 1 milhão de ienes (cerca de R$ 41 mil reais) por crianças para famílias que aceitarem se mudar de Tóquio. Atualmente as autoridades já oferecem um apoio financeiro no valor de 300 mil ienes (R$ 12.300), mas eles triplicaram para incentivar as pessoas a irem para áreas despovoadas. Esse incentivo está em vigor desde 2019. Essa estratégia já tem apresentado resultados. Em Okutama, uma das cidades que doou casa, segundo o jornal “Nikkei”, algumas delas vêm sendo transformadas em negócios, como oficinas e restaurantes. Em Tochigi e Nagano, cidades que as vendem a preço popular, uma casa de bruxa pode custar 50 mil ienes (ou R$ 1.800).

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