Desmond Tutu, símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, morre aos 90 anos

Arcebispo tinha problemas de saúde em decorrência de um câncer de próstata diagnosticado no fim da década de 90, mas o governo sul-africano não deu detalhes sobre a causa da morte

  • Por Jovem Pan
  • 26/12/2021 11h47
EFE/EPA/NIC BOTHMA Desmond Tutu Desmond Tutu morreu aos 90 anos

O arcebispo Desmond Tutu, vencedor do Nobel da Paz e símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, morreu neste domingo, 26, aos 90 anos. De acordo com pessoas da família do arcebispo entrevistadas pela AFP, ele morreu ‘tranquilamente’ às 7 horas (horário local). Ele tinha problemas de saúde em decorrência de um câncer de próstata diagnosticado no fim da década de 90, mas o governo sul-africano não deu detalhes sobre a causa da morte. O atual presidente do país, Cyril Ramaphosa, publicou uma longa nota em homenagem a Tutu. “O falecimento do arcebispo emérito Desmond Tutu é outro capítulo de luto na despedida de nossa nação a uma geração de destacados sul-africanos que nos legou uma África do Sul libertada. Desmond Tutu era um patriota sem igual, um líder de princípios e pragmatismo que deu sentido à compreensão bíblica de que a fé sem obras está morta. Um homem de intelecto extraordinário, integridade e invencibilidade contra as forças do apartheid, ele também era terno e vulnerável em sua compaixão por aqueles que sofreram opressão, injustiça e violência sob o apartheid e pessoas oprimidas e oprimidas em todo o mundo”, diz o comunicado.

“Em sua vida ricamente inspiradora, mas desafiadora, Desmond Tutu superou a tuberculose, a brutalidade das forças de segurança do apartheid e a intransigência de sucessivos regimes de apartheid. Nem Casspirs, gás lacrimogêneo ou agentes de segurança puderam intimidá-lo ou impedi-lo de sua crença inabalável em nossa libertação”, continua a nota do governo da África do Sul. Desmond Tutu venceu o prêmio Nobel da Paz em 1984 por sua atuação pacífica contra o apartheid. Uma década depois, o arcebispo vivenciou o fim do regime separatista e presidiu a Comissão da Verdade e da Reconciliação (CVR), criada com o intuito de investigar os atos cometidos durante o apartheid. Como líder religioso, comandou passeatas não-violentas contra a segregação e pedindo sanções contra o regime supremacista branco. Ao contrário de outros ativistas da época, sua postura o salvou da prisão e sua luta pacífica foi reconhecida com o prêmio Nobel. “Oramos para que a alma do arcebispo Tutu descanse em paz, mas que seu espírito permaneça como sentinela sobre o futuro de nossa nação”, finaliza o comunicado oficial sul-africano emitido pelo ministro na presidência Mondli Gungubele.

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