Discursos de Trump, Rohani e Bolsonaro geram expectativa na Assembleia da ONU

Importantes líderes mundiais, como os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, não estarão presentes no evento

  • Por Jovem Pan
  • 20/09/2019 19h12
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Beto Barata/PR Secretário-geral da ONU espera que reunião sobre clima possa fazer outros países se mobilizarem em prol do tema

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, do Irã, Hassan Rohani, e do Brasil, Jair Bolsonaro, são os protagonistas dos discursos mais esperados da 74ª Assembleia Geral da ONU, que acontece na próxima segunda-feira (23). O evento que também será marcado pela ausência de importantes líderes mundiais, como os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping.

Seguindo a tradição, o Brasil abrirá os discursos na próxima segunda, com grande expectativa para a estreia de Bolsonaro no palco mais importante da diplomacia mundial, especialmente depois dos embates com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com a alta comissária para os Direitos Humanos da própria ONU, Michelle Bachelet.

Apesar de parte das atenções mundiais estarem sobre o presidente brasileiro, as recentes tensões entre Estados Unidos e Irã, agravadas após os ataques a refinarias de petróleo da Arábia Saudita, devem dominar os debates políticos na ONU. Em paralelo, outro assunto que será discutido é a guerra comercial promovida por Trump contra a China.

O discurso de Trump concentrará grande parte dos holofotes, afinal passaram-se dois anos desde o tom nacionalista e beligerante do discurso feito pelo presidente, quando chamou o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un de “homem-foguete”.

Desta vez, Trump chega a Nova York com uma bagagem cheia de problemas de ordem mundial: a guerra comercial com a China, as relações cada vez mais distantes com os aliados europeus e a forte escalada de tensão com o Irã, após os ataques a refinarias no último sábado.

Havia expectativa na Casa Branca sobre uma possível reunião com o Hassan Rohani, presidente do Irã, mas a ideia vem sendo negada por ele e pelo líder supremo do país, Ali Khamenei. Os EUA acusaram o Irã de estarem por trás da ação, elevando ainda mais as tensões nas já complicadas relações entre os dois países.

Ainda deve haver espaço para que o presidente americano fale sobre a situação da Venezuela. Depois de demitir seu assessor de Segurança Nacional, John Bolton, Trump disse que queria ações mais firmes contra o governo de Nicolás Maduro, mas era restringido por seu conselheiro.

Já Rohani segue negando qualquer possibilidade de negociação bilateral com os Estados Unidos. Para dialogar com Trump, o Irã impôs duas condições: o fim das medidas que prejudicam a economia do país e a volta dos EUA ao acordo nuclear de 2015, assinado junto com Alemanha, Reino Unido, França, China e Rússia.

Como a Casa Branca não dá sinais de que irá recuar, o governo iraniano decidiu descumprir o previsto no pacto, acelerando as atividades de seu programa atômico.

Na ONU, Rohani deve denunciar as ações dos americanos contra o país, exigir dos demais signatários do tratado medidas para aliviar impacto das sanções sobre a economia iraniana, além de apelos para que pressionem Trump a voltar ao acordo negociado ainda no governo de Barack Obama.

Rohani também deve negar a participação do Irã nos ataques às instalações da estatal petrolífera saudita Aramco, mas não deve poupar críticas ao país, com o qual está indiretamente envolvido em dois conflitos: o do Iêmen e o da Síria.

O discurso de Jair Bolsonaro

Com um governo marcado pelos embates com diferentes lideranças mundiais, como Macron e Bachelet, Bolsonaro tem prometido, no entanto, adotar um tom mais ameno em seu discurso de estreia na ONU.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira (19), o presidente afirmou que “não vai brigar com ninguém”. Bolsonaro adiantou ainda que, no seu discurso, vai falar sobre a Floresta Amazônica e a “soberania brasileira”.

Ainda se recuperando de uma cirurgia para corrigir uma hérnia decorrente da operação à qual precisou ser submetido após o ataque sofrido na campanha eleitoral, Bolsonaro confirmou presença no evento.

Por recomendação médica, uma série de encontros bilaterais previstos com outras lideranças mundiais, como com o novo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, foram cancelados.

“Se Deus quiser vou estar em Nova York. Estou me preparando com um discurso bastante objetivo e diferente de outros presidentes que me antecederam. Ninguém vai brigar com ninguém lá, pode ficar tranquilo”, disse. “Vai ser um presidente que vai falar com o coração e com o patriotismo e sobre soberania nacional, que sempre esteve ameaçada.”, disse Bolsonaro durante a live.

Outros discursos

O presidente da França, Emmanuel Macron, vai a Nova York tentando mediar o conflito entre Estados Unidos e Irã, e anunciar a iniciativa projetada por ele para proteger a Amazônia, já esboçada com outras lideranças mundiais durante a última cúpula do G7, realizada na cidade de Biarritz, na França.

Os embates com Bolsonaro podem ganhar um novo capítulo em Nova York e Macron deverá ser uma das vozes europeias mais importantes na Assembleia Geral, em um momento complexo para o bloco por questões como o Brexit.

Já o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, viajará aos Estados Unidos pensando na política interna de seu país, enquanto tenta encontrar formas de renegociar o acordo firmado por sua antecessora no cargo, Theresa May, com a União Europeia. A Assembleia Geral dará a Johnson uma oportunidade de rever muitos dos líderes do bloco, chance que pode ser usado por ele para destravar o imbróglio do Brexit.

Embora a presença da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ainda não tenha sido confirmada, ela deve viajar a Nova York para participar, ao menos, da Cúpula do Clima que será organizada pela ONU na próxima segunda. A chanceler também pretende ter reuniões bilaterais com alguns dos líderes que estarão na cidade devido ao evento, como o próprio Boris Johnson.

Outras duas figuras chaves para a comunidade internacional, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, serão ausências mais do que significativas na Assembleia Geral que terá como plano de fundo diversos conflitos de ordem global.

Outros líderes já anunciaram que também não irão à ONU na próxima semana, como o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e do México, Andrés Manuel López Obrador.

*Com informações da EFE

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