Em reunião do G-20, Bolsonaro diz que vai assumir compromissos com sustentabilidade
‘Estamos cientes de que os acordos comerciais sofrem cada vez mais influência da agenda ambiental’, afirmou; presidente destacou, ainda, a abertura da economia promovida pelo seu governo
O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo, 22, durante reunião de cúpula do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20) que o Brasil vai assumir novos e maiores compromissos nas áreas do desenvolvimento e da sustentabilidade. “Ao mesmo tempo em que buscamos maior abertura econômica, estamos cientes de que os acordos comerciais sofrem cada vez mais influência da agenda ambiental”, disse na reunião, que ocorre virtualmente devido à pandemia da Covid-19. Há alguns meses, polêmicas em relação à questão ambiental tem rondado o governo, principalmente sobre o Pantanal e a Amazônia. Alguns investidores internacionais já alertaram o Palácio do Planalto sobre a necessidade de ampliar a proteção feita no País, sob o custo de tirarem seus recursos do território nacional. Algumas cadeias varejistas gigantes, principalmente da Europa, também têm condicionado a continuidade das compras de produtos domésticos a certificações de origem das matérias-primas.
A discussão do G20 sobre sustentabilidade ocorre no evento paralelo organizado pela presidência da Arábia Saudita “Salvaguardando o planeta: a abordagem CCE”, sigla em inglês para economia circular do carbono. O encontro é fechado à imprensa, mas sete líderes gravaram depoimentos sobre a área que já foram divulgados pelo G20. “O Brasil é um país resiliente. Queremos um futuro de desenvolvimento sustentável e repleto de oportunidades para a nossa população”, disse Bolsonaro. Ele afirmou que seu governo tem promovido a abertura da economia, com vistas a uma maior integração do Brasil aos fluxos de comércio e investimento mundiais. Para o presidente, são demonstrações do empenho os acordos comerciais negociados pelo Mercosul com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio, a EFTA.
Acordos com os EUA e agricultura
Bolsonaro também mencionou o início das tratativas com a Coreia do Sul e com o Canadá e os acordos firmados entre o Brasil e Estados Unidos sobre facilitação do comércio, boas práticas regulatórias e combate à corrupção. “Estamos construindo um País aberto para o mundo, disposto, não apenas a buscar novos acordos comerciais, mas também a assumir novos e maiores compromissos nas áreas do desenvolvimento e da sustentabilidade”, destacou. Além disso, o presidente afirmou que iria apresentar a “realidade dos fatos” sobre os dados ligados ao meio ambiente. Segundo ele, nos últimos 40 anos, o País passou da condição de importador de alimentos para o patamar de um dos maiores exportadores agrícolas do mundo. Esse processo de transformação da agricultura nacional, explicou, resulta de décadas de inovação e desenvolvimento, incorporando grandes ganhos tecnológicos em eficiência e produtividade. “Hoje, nosso País exporta volume imenso de produtos agrícolas e pecuários sustentáveis e de qualidade. Alimentamos quase um bilhão e meio de pessoas e garantimos a segurança alimentar de diversos países”, citou.
Bolsonaro também ressaltou que essa “verdadeira revolução agrícola” no Brasil foi realizada utilizando apenas 8% das terras domésticas. “Por isso, mais de 60% de nosso território ainda se encontra preservado com vegetação nativa”, enfatizou. E disse ainda que, durante os “desafiadores meses da pandemia”, a agropecuária brasileira se manteve ativa e crescentemente produtiva. “Honramos todos os nossos contratos”, reforçou. As preocupações em relação ao desmatamento no Brasil têm sido argumentos para que um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) progrida. Há 20 anos em discussão, finalmente as partes chegaram a um consenso no ano passado, mas o documento precisa ser ratificado pelos 27 membros da UE e também os do Mercosul. A França tem sido um dos principais obstáculos ao tratado. “Tenho orgulho de apresentar esses números e reafirmar que trabalharemos sempre para manter esse elevado nível de preservação, bem como para repelir ataques injustificados proferidos por nações menos competitivas e menos sustentáveis”, afirmou durante o encontro.
* Com informações do Estadão Conteúdo
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