‘Eu deveria estar morto’, diz Trump em entrevista após atentado a tiros em comício

Para o ex-presidente dos Estados Unidos, é um milagre estar vivo depois de ser vítima de um atentado no sábado (13); Serviço Secreto investiga como o atirador conseguiu chegar ao telhado com um fuzil estilo AR e ferir Trump

  • Por Jovem Pan
  • 15/07/2024 11h06 - Atualizado em 15/07/2024 11h23
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Rebecca DROKE / AFP Donald Trump realiza um comício eleitoral. 'O médico no hospital disse que nunca viu nada parecido, ele chamou de milagre', contou Trump

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump disse, no domingo (14), ser um milagre estar vivo depois de ser vítima de um atentado durante comício em Butler, Pensilvânia, no dia anterior. Ele concedeu sua primeira entrevista ao jornal New York Post a bordo de seu avião particular a caminho de Milwaukee para a Convenção Nacional do Partido Republicano. “O médico no hospital disse que nunca viu nada parecido, ele chamou de milagre”, disse Trump. “Eu não deveria estar aqui, eu deveria estar morto”. O ex-presidente acrescentou que o médico do hospital local disse a ele que nunca viu alguém sobreviver após ser atingido por um AR-15. Segundo o jornal, que não teve autorização para fazer fotos do ex-presidente, Trump estava usando uma bandagem branca grande e solta que cobria sua orelha direita, atingida pelos disparos. O atirador, identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, atirou várias vezes de um telhado com um fuzil AR-15, antes de ser “neutralizado” por agentes do Servido Secreto dos Estados Unidos.

Lembrado como um homem quieto e solitário, ele não tinha histórico de problemas mentais, nem demonstrava firmes convicções políticas em postagens nas redes sociais. O FBI afirma que ele agiu sozinho e investiga a motivação do crime. Trump chegou no domingo a Milwaukee para a convenção que deve confirmá-lo como candidato à presidência pelo partido Republicano, na eleição em que deve enfrentar o atual presidente dos EUA, Joe Biden, em novembro. Ainda de acordo com o jornal, Trump disse que estaria morto se não tivesse virado levemente a cabeça para a direita para ler um gráfico sobre imigrantes irregulares. Naquele instante, o tiro arrancou um pequeno pedaço da sua orelha e espirrou sangue na sua testa e bochecha.

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Ele acrescentou que enquanto os agentes do Serviço Secreto o levavam para fora do palco, ele ainda queria continuar falando com os apoiadores, mas os agentes disseram que não era seguro e que eles tinham que levá-lo para o hospital. O ex-presidente elogiou a atuação dos agentes antes de desabotoar sua camisa para mostrar um grande hematoma no seu antebraço direito, ilustra a publicação. “Os agentes me empurraram tão forte que meus sapatos caíram, e meus sapatos são apertados”, disse com um sorriso.

O ex-presidente também comentou sobre a foto tirada instantes depois que o tiro atingiu a sua orelha: “Muitas pessoas dizem que é a foto mais icônica que já viram. Elas estão certas e eu não morri. Geralmente você tem que morrer para ter uma foto icônica.” O republicano disse que o episódio o fez mudar seu discurso já escrito para a próxima quinta-feira (18), quando ele deve receber oficialmente a indicação do partido para ser candidato à presidência novamente. “Eu tinha preparado um discurso extremamente duro, realmente bom, todo sobre a administração corrupta e horrível. Mas joguei fora.” “Eu quero tentar unir nosso país”, disse sobre o novo discurso que estaria sendo escrito. “Mas eu não sei se isso é possível. As pessoas estão muito divididas”.

Investigação

O Serviço Secreto dos EUA está investigando como o atirador, armado com um fuzil estilo AR, conseguiu chegar ao telhado nas proximidades e ferir o ex-presidente. O atirador, que segundo oficiais foi morto pelos agentes do Serviço Secreto, disparou múltiplos tiros em direção ao palco de uma “posição elevada fora do local do comício”, disse a agência. Trump foi ferido e um espectador foi morto. Uma análise da Associated Press de mais de uma dúzia de vídeos e fotos tiradas durante o comício de Trump, bem como imagens de satélite do local, mostra que o atirador conseguiu chegar surpreendentemente perto do palco onde o ex-presidente estava falando. O telhado ficava a menos de 150 metros de onde Trump estava. O presidente Joe Biden pediu uma investigação independente da segurança no comício.

De acordo com as primeiras informações, Thomas Matthew Crooks era funcionário de uma casa de repouso nos subúrbios de Pittsburgh e um republicano registrado que colocou explosivos no veículo que dirigiu até o comício a uma hora de distancia da sua casa. As autoridades consideram o caso uma tentativa de assassinato contra Trump, mas ainda não determinaram a motivação do atirador. O FBI ainda não identificou qualquer ideologia subjacente, escrita ameaçadora ou posts em mídias sociais de Crooks, que não tinha casos criminais anteriores contra ele, de acordo com registros judiciais públicos. O FBI acredita que ele agiu sozinho e o ataque está sendo investigado como um potencial ato de terrorismo domestico.

Além de Trump, a Polícia Estadual da Pensilvânia identificou outros dois homens que foram baleados como David Dutch, 57, de New Kensington, e James Copenhaver, 74, de Moon Township. Ambos permaneceram hospitalizados e estão em condição estável, disse a polícia estadual. Corey Comperatore, 50, um ex-chefe de bombeiros, morreu no atentado ao se jogar para proteger a sua família, informou o governador Josh Shapiro “Corey morreu como um herói”, disse o governador.

Em um pronunciamento nacional em horário nobre, o presidente Joe Biden disse no domingo (14) que as paixões políticas podem ser intensas, mas “nunca devemos descer ao nível da violência.” “Democracia americana – onde os argumentos são feitos de boa fé. Democracia americana onde o Estado de direito é respeitado. Onde decência, dignidade, jogo limpo não são apenas noções antiquadas, são realidades vivas, respirando.”

*Com informações do Estadão Conteúdo e agências internacionais
Publicado por Carolina Ferreira

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