EUA desconhecem origem dos ruídos subaquáticos, mas sons podem indicar que submersível está próximo à superfície
Nesta quarta, foram detectados novos ‘barulhos’; operação de resgate vai receber ajuda do Victor 6.000, um robô que pode atingir uma profundidade mais do que o suficiente para chegar ao local do naufrágio do Titanic
A menos de 24 horas para o fim do oxigênio no submersível Titan – deve acabar na quinta-feira, 22, pela manhã -, que está desaparecido desde domingo quando realizava uma expedição ao Titanic, as equipes de buscas seguem realizando um trabalho árduo para conseguir encontrar a embarcação e resgatar os cinco tripulantes. Contudo, por mais que mantenham o otimismo, conforme informado hoje em entrevista coletiva, ainda não houve uma resposta positiva e a Guarda Costeira dos Estados Unidos informou que não sabe de onde é a origem dos ruídos que foram capturados na terça-feira, 20. “Não sabemos o que são os ruídos ouvidos na noite de terça-feira e na manhã desta quarta na área onde se acredita que o submersível tenha desaparecido”, disse o capitão Jamie Frederick, porta-voz da guarda-costeira. Nesta quarta, novos ruídos foram ouvidos. “Temos que nos manter otimistas e esperançosos quando estamos em um caso de busca e resgate”, acrescentou, em declarações a jornalistas em Boston.
Para ajudar nessa busca que luta contra o tempo, equipes de várias partes do mundo estão chegando para auxiliar. O navio norueguês Skandi Vinland, equipados com robôs subaquáticos autônomos, se juntou às operações de busca pelo submersível Titan, informou o DOF, grupo norueguês de serviços petrolíferos que é proprietário dos equipamentos. “O Skandi Vinland implantou dois ROVs (Veículos Subaquáticos Operados Remotamente) para auxiliar nos esforços de busca que estão acontecendo sob o comando da Guarda Costeira dos EUA. Podem fornecer assistência 24 horas para apoiar as operações de busca do comando unificado”, informou o grupo em um comunicado. Nesta quarta, durante entrevista coletiva, a Guarda Costeira americana informou que ampliou a área de buscas pelo submarino Titan. Ontem a área era de 14 mil km², hoje é de 26 mil km², com profundidade de 4km, disseram, acrescentando que mais ruídos foram escutados aos decorrer do dia.
Frank Owen, especialista em busca e resgate de submarinos, em entrevista a ‘BBC’, disse que os sons de batidas aumentam a esperança de encontrar os cinco tripulantes e que pode significar que o Titan não está numa área tão profunda como se temia e pode estar próximo à superfície. “Abaixo de cerca de 180 metros, a temperatura da água cai muito rapidamente. Isso cria uma camada que o sinal do sondar rebate. Mas, se você estiver na mesma profundidade de água, o sinal tende a ir bem reto”, disse Owen, lembrando que “a bordo desta embarcação está um mergulhador aposentado da marinha francesa. Ele conheceria o protocolo para tentar alertar as forças de busca… A cada meia hora você bate como o diabo nas laterais do submarino por três minutos”, explicou, enfatizando que esses sons que estão sendo ouvidos podem ser fruto de um protocolo de emergência possivelmente ativado pelos tripulantes. Contudo, apesar dessa esperança que se formou, Owen fala que, mesmo na superfície, será difícil encontrar o submersível.
Como está sendo feita as buscas?
Uma flotilha de aviões e embarcações especializadas participam da busca frenética pelo submersível. Ela é composta por aviões de detecção de submarinos, robôs controlados remotamente (ROV) e equipamentos de escuta por sonar para ajudar a rastrear essa parte do oceano à procura do submarino, que pretendia visitar os destroços do naufrágio do transatlântico britânico Titanic.
Busca aérea no início
No começo das buscas, no domingo, 18, aviões militares americanos e canadenses foram enviados ao lugar onde operava o Polar Prince, navio-mãe que lançou o submersível chamado Titan horas antes. Vários aviões C-130 estão percorrendo a superfície do mar tentando contato visual e com radares. Por sua vez, os aviões de patrulha marítima P-3 canadenses lançaram boias de sonar para tentar captar sons da superfície do oceano. Além disso, um caçador de submarinos P-8 canadense também se juntou aos esforços de busca. Foram os P-3 canadenses que detectaram o ruído submarino que proporcionou o primeiro raio de esperança de que as pessoas no Titan ainda possam estar vivas, indicou a Guarda Costeira dos Estados Unidos.
Barcos na área
Deep Energy, um barco que instala dutos no fundo do mar, se apressou para chegar ao local e lançou robôs na água. Uma foto da Guarda Costeira mostra o barco no mar e seu convés repleto de enormes peças de equipamento pesado. Outros três barcos chegaram ao local na manhã desta quarta-feira. A Guarda Costeira do Canadá contribuiu com o Atlantic Merlin, que tem um robô submarino, e o John Cabot, um barco com capacidades de sonar com varredura lateral para capturar imagens mais detalhadas. O terceiro é o Skandi Vinland, uma embarcação polivalente enviada pela empresa norueguesa de serviços offshore DOF, que lançou dois robôs submarinos.
Mais embarcações estão previstas para ajudar. L’Atlante, barco de pesquisa pertencente ao Instituto Nacional de Ciências Oceânicas da França, deve chegar nesta quarta-feira à noite. Ele conta com um robô chamado Victor 6.000, que tem um cordão umbilical de oito quilômetros e pode atingir uma profundidade mais do que o suficiente para chegar ao local do naufrágio do Titanic no leito marinho, a quase quatro quilômetros de profundidade. A Guarda Costeira americana afirmou que são esperados outros quatro barcos, entre eles o militar canadense Glace Bay, que conta com equipe médica e uma câmara hiperbárica utilizada para tratar as pessoas envolvidas em acidentes de mergulho.
*Com informação das agências internacionais
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