EUA e China trocam farpas em 1ª reunião diplomática desde a posse de Joe Biden

As potências se acusaram mutuamente de usar poderio militar e financeiro para pressionar outros países e ameaçar a ordem global

  • Por Jovem Pan
  • 19/03/2021 14h56 - Atualizado em 19/03/2021 15h07
EFE/EPA/LIU JIE/XINHUA Diplomatas dos Estados Unidos e da China se reuniram no Alasca para primeira reunião do governo de Joe Biden A China acusou os Estados Unidos de quebrar protocolos durante encontro, que estava sendo televisionado pela imprensa

Funcionários de alto escalão dos Estados Unidos e da China se reuniram no Alasca nesta sexta-feira, 19, para uma primeira reunião diplomática entre os países desde a posse do presidente Joe Biden. A expectativa era que o encontro marcasse uma melhoria no relacionamento entre as potências, que ficou fortemente abalado durante o mandato de Donald Trump. No entanto, a ocasião acabou sendo marcada por uma troca de farpas entre os diplomatas: as partes se acusaram mutuamente de usar seu poderio militar e financeiro para pressionar outros países e ameaçar a ordem global.

O secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, abriu a reunião acusando a China de “ameaçar a ordem baseada em regras que mantém a estabilidade” do mundo, citando a “coerção” a países aliados dos Estados Unidos, os ataques cibernéticos e as ações contra a liberdade de Hong Kong e Taiwan. Na sequência, o assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan, garantiu que o país não está atrás de conflitos, mas está aberto “a uma competição dura” com o governo de Xi Jinping. “Sempre defenderemos nossos princípios, para nosso povo e nossos amigos”, completou Sullivan.

Em resposta, o responsável pelas Relações Exteriores do Partido Comunista da China, Yang Jiechi, afirmou que o governo norte-americano impõe sua jurisdição “de forma arbitrária” para “suprimir outros países”. “Os Estados Unidos abusam do que chamam de segurança nacional para obstruir os canais normais do comércio e incitar outros países a atacarem a China”, continuou, fazendo referência às sanções impostas a países como Irã e a empresas como a Huawei. Yang Jiechi concluiu dizendo que seu país não será “estrangulado” e reiterou que Hong Kong e Taiwan fazem parte da China.

Toda a conversa estava sendo transmitida à imprensa até que o chanceler chinês Wang Yi mencionou que os Estados Unidos sancionaram 24 pessoas ligadas ao governo de Hong Kong nesta quarta-feira, 17. “No nosso caminho para cá, soubemos dessas sanções. Isso não é uma forma de convidar hóspedes para os Estados Unidos”, provocou. Nesse momento, as emissoras de televisão começaram a retirar os seus equipamentos da sala para encerrar a gravação, mas Anthony Blinken pediu que eles continuassem ali para registrar a sua resposta, em que voltou a criticar a política interna da China. Yang Jiechi, então, criticou a quebra de protocolo. “Essa é a forma com que vocês esperavam conduzir esse diálogo? Pensamos que o lado americano seguiria os protocolos diplomáticos necessários”, disse.

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