EUA e México relatam avanços na questão migratória após visita de Blinken
O secretário de Estado norte-americano viajou à Cidade do México na semana do Natal para discutir medidas contra a migração, incluindo o combate aos traficantes
Autoridades mexicanas e norte-americanas relataram progressos na quarta-feira, 27, nas negociações de emergência para conter o aumento da migração. O tema é uma das principais dores de cabeça do presidente Joe Biden para conquistar a reeleição em 2024. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, fez na quarta-feira uma visita incomum à Cidade do México na semana do Natal, em um momento em que o Partido Republicano pressiona Biden para adotar medidas contra a migração em troca da aprovação, por parte de seus congressistas, de novas ajudas para a Ucrânia. A viagem de um dia foi anunciada de maneira repentina na semana passada, depois que Biden conversou com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que se reuniu durante mais de duas horas com Blinken e outros funcionários de alto escalão do governo americano, incluindo o secretário da Segurança Interna, Alejandro Mayorkas. López Obrador escreveu na rede social X que “foram alcançados acordos importantes sobre benefícios”, destacando que “agora mais do que nunca a política da boa vizinhança é indispensável”, sem revelar mais detalhes.
Um funcionário do governo Biden disse que os líderes mexicanos informaram a delegação dos Estados Unidos sobre as novas medidas que estão sendo adotadas, incluindo o combate aos traficantes de migrantes que os colocam em ônibus ou trens em direção à fronteira. “Ficamos realmente impressionados com algumas das novas ações que o México está tomando, e observamos nos últimos dias uma redução bastante significativa nas passagens de fronteira”, disse fonte, que pediu anonimato. “O México está fazendo muitos esforços, e é isso que estamos destacando” para o governo dos Estados Unidos, disse a ministra das Relações Exteriores mexicana, Alicia Bárcena, ao final da reunião, na qual, segundo ela, também foi “reafirmada a amizade” entre os dois países. Bárcena acrescentou que um comunicado conjunto dos dois governos será emitido com os compromissos alcançados.
Cerca de 10 mil migrantes, segundo autoridades americanas, tentam entrar ilegalmente através da fronteira sul todos os dias, quase o dobro do número registrado antes da pandemia. Washington fechou algumas passagens fronteiriças com o México para concentrar os seus esforços na entrada de migrantes. “A importância de reabrir os cruzamentos fronteiriços para nós é uma prioridade”, acrescentou Bárcena sobre outro dos temas abordados pelo governo mexicano na reunião. O secretário de Estado desembarcou na capital mexicana acompanhado de Mayorkas e da responsável de imigração da Casa Branca, Liz Sherwood. “Estamos nos ajudando muito. Vamos continuar fazendo isso e queremos chegar a um acordo, porque, como há eleições nos Estados Unidos, vai-se estimular a questão da imigração”, afirmou o presidente mexicano na quarta-feira, antes da reunião com as autoridades americanas.
O México concordou com Biden e com o seu antecessor, o republicano Donald Trump, em acolher, pelo menos temporariamente, migrantes que tentassem entrar nos Estados Unidos. Trump, favorito à nomeação republicana para enfrentar Biden nas eleições presidenciais de novembro de 2024, está fazendo campanha com uma mensagem anti-imigração, acusando os estrangeiros de “envenenar o sangue” do país, palavras próprias de Hitler, notaram os seus críticos. Os republicanos recusam-se a apoiar um novo pacote de ajuda financeira à Ucrânia no Congresso se não forem tomadas medidas para deter a migração. A administração Biden alertou que, sem acordo, a Ucrânia ficará em breve sem as armas necessárias para se defender da invasão russa. A proposta do Governo para convencer os republicanos inclui aumentar em 1.300 o efetivo total de agentes da Patrulha de Fronteira. No domingo 24, uma caravana de milhares de migrantes partiu do sul do México, ante a impossibilidade de obter uma autorização que lhes permitisse atravessar o país para chegar aos Estados Unidos.
*Com informações da agência AFP
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