FBI ajuda Equador na investigação do assassinato de candidato presidencial; veja o que se sabe até agora 

Polícia equatoriana informou que seis suspeitos, acusados de envolvimento na morte de Villavicencio, são de nacionalidade colombiana; eles foram presos na quinta-feira, 10

  • Por Jovem Pan
  • 11/08/2023 11h33
Galo PAGUAY / AFP assassinado de fernando villavicencio Apoiadores do candidato presidencial assassinado Fernando Villavicencio participam de uma manifestação para exigir justiça por sua morte em Quito, em 10 de agosto de 2023

Passado quase 48 horas do assassinado de Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador, as investigações seguem acontecendo para descobrir quem matou o político e jornalista. Na própria quarta-feira, 9, quando o crime aconteceu, um grupo criminoso conhecido como ‘Los lobos’ assumiu a responsabilidade por meio de um vídeo, contudo, horas depois, outro grupo que também diz ser da organização, desmentiu o primeiro vídeo e falou que são os verdadeiros membros e os anteriores não pertenciam ao grupo. Não se sabe qual dos dois fala a verdade. Mas, na noite de quinta-feira, 10, a polícia equatoriana informou que seis suspeitos presos, acusados de envolvimento no assassinato de Villavicencio, são de nacionalidade colombiana, assim como o homem que morreu no local do incidente – se fala em dez detidos, mas as autoridades do Equador não confirmaram as últimas quatro. Até o momento, as autoridades revelaram que vários homens, supostamente assassinos de aluguel, estiveram envolvidos no homicídio de Villavicencio. O ministro do Interior, Juan Zapata, os identificou como Andrés M., José L., Adey G., Camilo R., Jules C. e John R. Apesar do ocorrido, as eleições presidenciais seguem marcadas para acontecer no dia 20 de agosto.

O que se sabe sobe as investigações?

As investigações continuam em curso, contudo, nesta sexta-feira, 11, uma delegação da polícia federal dos Estados Unidos (FBI) chega ao Equador para apoiar a investigação do assassinato do candidato presidencial, alvejado por uma rajada de tiros quando saía de um comício em Quito na tarde de quarta-feira. O conservador Guillermo Lasso, foi quem solicitou a apoio da agência federal de investigação norte-americana para esclarecer este crime. “Solicitei apoio ao FBI para a investigação do assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio Valencia. A Agência Federal de Investigação e Inteligência dos EUA aceitou nossa solicitação e nas próximas horas uma delegação chegará ao país”, escreveu o chefe de Estado nas redes sociais.

Essa participação do FBI na investigação do assassinato se enquadra na estreita relação que EUA e Equador construíram nos últimos dois anos, especialmente desde que Lasso chegou ao poder, com cooperação em diversos assuntos, inclusive segurança. Até agora, as autoridades revelaram que vários homens, supostamente assassinos de aluguel, participaram do assassinato de Villavicencio, e que há seis estrangeiros detidos por suposta relação com o crime. Eles estariam supostamente ligados a um grupo de crime organizado ainda não identificado, e há um mês haviam sido detidos por outros crimes, contudo, não compareceram a uma audiência obrigatória marcada para 2 de agosto, e, na quarta-feira, duas horas antes do assassinado, ordens de prisão haviam sido emitidas para eles.

 

Declaração de ‘Los Lobos’

As autoridades não confirmaram se por trás do ataque mortal, que também deixou pelo menos nove feridos, incluindo três policiais, está uma das gangues do crime organizado que operam no Equador. Também não houve comentários sobre as declarações dos supostos integrantes que assumiram a responsabilidade do homicídio. No vídeo gravado pelos supostos integrantes dos grupos, eles fazem ameaça a outros candidatos. “Queremos deixar claro à toda a nação equatoriana que, cada vez que os políticos corruptos não cumprirem com suas promessas quando recebem nosso dinheiro, que são milhões de dólares, para financiar suas campanhas, serão mortos”, falaram. Na quinta-feira, uma candidata ao cargo de deputada na Assembleia Nacional do Equador foi atacada. O veículo de Estefany Puente estava em uma organização de serviços sociais na cidade de Quevedo quando foi alvejado por dois homens. Ela foi atingida de raspão no braço e os atiradores fugiram em sequência. As balas destruíram o para-brisa do carro da candidata.

O assassinato de Villavicencio, que prometeu bater de frente contra essas gangues e que nas últimas semanas havia denunciado ter recebido ameaças de morte, chocou o país, em meio a uma campanha eleitoral que gira quase exclusivamente em torno da crise de segurança que assola o Equador. Nos últimos dois anos vem aumentando o número de assassinatos por assassinos de aluguel e grupos armados que o governo vincula principalmente ao crime organizado, que ganhou força principalmente no litoral, onde utilizam os portos equatorianos como grandes trampolins para a cocaína chegar à Europa e à América do Norte. Villavicencio era um dos oito candidatos presidenciais inscritos nestas eleições extraordinárias, convocadas para domingo, 20 de agosto, depois de Lasso ter decretado a “morte cruzada”, mecanismo constitucional com o qual dissolveu a Assembleia Nacional, de maioria opositora, quando a Câmara estava se preparando para votar sua destituição.

Esposa aponta falha na segurança 

Verónica Saráuz, mulher de Villavicencio, culpou a equipe de segurança pelo ocorrido. Em entrevista a uma rádio local, ela disse que houve falha na segurança do marido e que ele deveria ter saído pelas portas dos fundos. “A equipe de segurança e o chefe de logística falharam. Fernando tinha que ter saído pela parte de trás como fez o general Carillo, com escolta de polícias e um carro blindado e não com uma caminhonete que não era blindada”, disse entre as lágrimas. Verónica fez um apelo aos equatorianos e pediu que demonstrem coragem e valentia e que não deixem que o ocorrido com seu marido fique impune. Nas redes sociais, Verónica também falou sobre o ocorrido e disse que seu marido foi assassinado porque foi o único que enfrentou as máfias políticas e traficantes de drogas. Luiz Fernández, advogado da família, disse a jornalistas que não houve inteligência no esquema de segurança e que não foi feita nenhuma varredura no local em que Villavicencio estava. “Não houve sequer um cordão policial fazendo a guarda. Nos deixam com muitas dúvidas de que esse assassinato de Fernando Villavicencio tenha sido um crime de Estado”, disse.

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