França: Sobreviventes do ‘Charlie Hebdo’ comparecem ao julgamento dos acusados

O julgamento contra os ataques ocorridos em janeiro de 2015 prosseguiu com o testemunho dos sobreviventes do massacre

  • Por Jovem Pan
  • 09/09/2020 12h42
EFE/EPA/YOAN VALAT Sobreviventes do Charlie Hebdo chegando no Tribunal

O julgamento contra os ataques ocorridos em janeiro de 2015, na França, prosseguiu nesta quarta-feira, 9, com o testemunho dos sobreviventes do massacre na redação da revista semanal “Charlie Hebdo”, que, sofrendo com consequências físicas e psicológicas, denunciaram a complacência das elites intelectuais. Depois de uma primeira audiência ontem com jornalistas e ilustradores que testemunharam a tragédia, entre eles Corinne Rey, conhecida como Coco, que ainda carrega a culpa por ter aberto a porta da redação para terroristas, hoje foi a vez de Riss, o atual diretor, Simon Fieschi, ex-chefe do site, e Fabrice Nicolino, um repórter.

Também na agenda estava o jornalista Philippe Lançon, que foi baleado no rosto, braço direito e mão esquerda e transformou seu depoimento e as 20 cirurgias para a reconstrução de sua mandíbula em um livro de sucesso, “O Retalho”. Mas durante a audiência, seu advogado confirmou que Lançon prefere ficar fora dos holofotes dos meios de comunicação e não se sente preparado para enfrentar um novo depoimento neste processo, iniciado no último dia 2.

Neste julgamento, há 14 réus (três deles fugiram) por cumplicidade nos atentados que mataram 17 pessoas e hoje, Fieschi e Nicolino, deram um rosto à difícil tarefa dos sobreviventes: seguir em frente. Fieschi, que recebeu dois tiros, um deles na coluna, está passando por uma profunda reeducação para não perder a mobilidade conquistada nesses anos. Apesar de andar de muletas, o homem de 36 anos insistiu em se levantar para denunciar “as consequências das armas de guerra”.

Nicolino, por sua vez, censurou as elites intelectuais de esquerda por terem criado um clima que, segundo ele, deu origem ao ataque: “Não os acuso diretamente, mas participaram da preparação psicológica desse ataque”. Também com a ajuda de uma muleta após ter recebido dois tiros na perna e um no quadril, denunciou o “totalitarismo” que supõe o fundamentalismo islâmico, criticou os fatos dos intelectuais serem “cegos” a esse respeito e lamentou o abandono em que sua revista, fortemente aguardada e localizada em um local secreto, está mais uma vez.

*Com informações da Agência EFE

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