França segue decisão dos EUA e suspende financiamento para agência da ONU

Governo francês disse que não prevê nenhum novo pagamento até julho; Noruega optou por seguir em uma direção oposta

  • Por Jovem Pan
  • 28/01/2024 16h45 - Atualizado em 28/01/2024 18h33
AFP onu em gaza Pessoas palestinas deslocadas sentam-se em bancos enquanto esperam do lado de fora de uma clínica da Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para Refugiados Palestinos (UNRWA) em Rafah, no sul da Faixa de Gaza

A França se tornou a sexta nação a suspender o financiamento para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês), após as acusações de que alguns funcionários estariam envolvidos no ataque do Hamas contra Israel. O governo francês disse, neste domingo, 28, que não prevê nenhum novo pagamento para a agência da ONU (Organização das Nações Unidas) até julho. Desde sexta-feira, 26, quando as Nações Unidas anunciaram a demissão de 12 funcionários e que estavam realizando investigações para apurar o caso, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Itália, Reino Unido, Finlândia, Países Baixos e Alemanha anunciaram a suspensão temporária do financiamento.

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Diante de tantas suspensões, que afetam diretamente a vida das pessoas na Faixa de Gaza – elas já enfrentam uma crise humanitária desde que a guerra começou – o secretário-geral da ONU pediu garantias à continuidade das operações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina. “Dois milhões de civis de Gaza dependem da ajuda crítica da UNRWA para sua sobrevivência diária, mas o financiamento atual da UNRWA não permitirá cobrir todas as suas necessidades em fevereiro”, insistiu. Com mais de 30 mil funcionários, a UNRWA é a maior organização em Gaza fora do governo da Faixa, que é de fato controlada pelo Hamas desde 2007. A ofensiva israelense deixou mais de 26 mil mortos no enclave palestino, a maioria deles crianças e mulheres, e outros 64.487 feridos, enquanto os sobreviventes enfrentam uma crise humanitária sem precedentes.

Guterres confirmou que as “acusações extremamente graves” sobre 12 funcionários da UNRWA estão sendo investigadas internamente pela ONU. A agência demitiu nove deles, um foi “confirmado morto” e as identidades de outros dois estavam sendo “determinadas”, acrescentou o secretário-geral. “Os supostos atos abjetos destes funcionários devem ter consequências, mas não devem penalizar dezenas de milhares de homens e mulheres que trabalham para a agência”, destacou. Apesar do posicionamento do secretário-geral da ONU, essa acusação acirrou ainda mais a tensão entre Israel e a Organização das Nações Unidas, que já tinha ficado delicada no ano passado após o ataque do Hama. O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, acusou Guterres de ignorar “as evidências” do envolvimento da UNRWA na “incitação e terrorismo”. O Hamas denunciou as “ameaças” israelenses contra a UNRWA. Na Cisjordânia ocupada, a Autoridade Palestina criticou uma campanha para “liquidar a questão dos refugiados palestinos”.

Noruega mantém financiamento

Seguindo caminho oposto das outras nações, a Noruega informou neste domingo que vai manter o financiamento para a UNRWA, mesmo com as acusações. “A Noruega decidiu manter seu financiamento”, declarou o ministro das Relações Exteriores do país nórdico, Espen Barth Eide, em comunicado. “Embora compartilhe a preocupação suscitada pelas acusações muito graves relacionadas com alguns membros do pessoal da UNRWA, peço encarecidamente aos outros doadores que reflitam sobre as consequências mais amplas de uma redução do financiamento da UNRWA neste período de situação humanitária extrema”, acrescentou. “Não deveríamos punir coletivamente milhões de pessoas”, assinalou o ministro. “A população em Gaza necessita urgentemente de ajuda humanitária e não deve pagar o preço das ações de outrem”, finalizou.

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