França vive dia ‘infernal’ devido às intensas greves e manifestações contra a reforma da previdência
Mais de um milhão de pessoas, 80 mil só em Paris, foram às ruas; autoridades pediram para os cidadãos trabalharem de casa por causa das paralisações
Intensas greves e manifestações tomaram conta da França nesta quinta-feira, 19. Mais de um milhão de pessoas – 1,12 milhão -, 80 mil só em Paris, protestaram contra a reforma da Previdência, impulsionada pelo presidente Emmanuel Macron, informou o Ministério do Interior. Os dados do ministério superam a meta do milhão de participantes, estabelecida pelos organizadores, embora esteja abaixo dos 2 milhões, estimados pelo líder do sindicato CGT, Philippe Martinez. “Grande dia de manifestação. Quando todos os sindicatos estão de acordo, algo pouco comum, é porque o problema é muito grave”, disse à rede Pública Sénat o secretário-geral do sindicato CGT, Philippe Martinez. A reforma da previdência é uma das principais medidas que o presidente francês, de 45 anos, prometeu durante a campanha que levou à sua reeleição em abril do ano passado, após um primeiro projeto em 2020 que precisou abandonar devido à chegada da pandemia. O jornal francês “Le Parisien” aponta que o projeto de reforma que Macron tenta impor representa um “teste decisivo” para Macron sobre seu mandato e sobre “a marca que deixará na história”.
Inicialmente, a ideia do presidente era adiar a aposentadoria de 62 para 65 anos, contudo, sua primeira-ministra, Élisabeth Borne, acabou estabelecendo a idade em 64 anos, mas antecipou para 2027 a exigência de contribuir 43 anos para receber a aposentadoria completa. Esses dois pontos provocaram a rejeição social e sindical. De acordo com uma pesquisa da Ipsos publicada na quarta-feira, embora 81% dos franceses considerem uma reforma necessária, 61% a rejeitam e 58% apoiam o movimento grevista. A primeira frente sindical unitária desde 2010, quando tentou em vão impedir o aumento da idade de aposentadoria de 60 para 62 anos pelo governo do presidente conservador Nicolas Sarkozy, espera levar um milhão de manifestantes às ruas.
Os primeiros começaram em Toulouse e Marselha, e em Paris pela manhã. A população tenta obter o mesmo sucesso de 1995, quando um intenso protesto durante o inverno, que deixou metrôs e trens parados nas plataformas por mais de três semanas, foi o último a paralisar uma reforma da previdência. O ministro Clément Beaune já avisou que hoje seria um dia “infernal” nos transportes e pediu aos cidadãos que trabalhem de casa, onde muitos terão também que cuidar dos filhos, já que 70% dos professores também entraram em greve, segundo os sindicatos.
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