Hezbollah, Rússia e dirigentes palestinos se pronunciam sobre morte de líder do Hamas

As Brigadas Al-Qassam — braço armado do Hamas — afirmaram que o assassinato é ‘um ato perigoso que leva a batalha para um novo nível e terá importantes consequências em toda a região’

  • Por Marcelo Bamonte
  • 31/07/2024 08h10 - Atualizado em 31/07/2024 08h12
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Montagem: EFE/AFP Putin, Abbas e Hezbollah Rússia, Abbas e Hezbollah condenaram ataque e denunciaram escalada do conflito

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, morreu em Teerã, anunciaram nesta quarta-feira (31) a Guarda Revolucionária do Irã e o movimento islâmico palestino, que atribuiu o ataque a Israel. O Hamas trava, desde outubro de 2023, uma guerra contra Israel na Faixa de Gaza, um território que governa desde 2007, desencadeada pelo ataque sem precedentes de seus combatentes contra o sul do território israelense. “O irmão, o líder, o mujahideen Ismail Haniyeh, líder do movimento, morreu em um ataque contra sua residência em Teerã após comparecer à cerimônia de posse do novo presidente iraniano”, afirmou o movimento palestino em um comunicado. No exílio entre a Turquia e o Catar, o líder do grupo muçulmano viajou para Teerã para assistir, na terça-feira (30), à cerimônia de posse do novo presidente do Irã, Masud Pezeshkian.

O assassinato do oficial gerou repercussão entre aliados do grupo palestino. As Brigadas Al-Qassam — braço armado do Hamas — afirmaram, hoje, que o assassinato é “um ato perigoso que leva a batalha para um novo nível e terá importantes consequências em toda a região”. O grupo acusou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de conduzir o país para o abismo. Até o momento, nenhum alto responsável israelense reconheceu o ataque, que ocorre em um ponto de máxima tensão devido à escalada do fogo cruzado com o grupo xiita libanês Hezbollah, aliado do Irã e das milícias palestinas. As Brigadas Al-Qassam afirmaram também, em um comunicado, que Israel cometeu um “erro de cálculo” ao expandir seus ataques a outras frentes. Até o momento, as autoridades israelenses não aumentaram o nível de alerta militar, apesar dos apelos de diferentes grupos para responder com contundência aos ataques das últimas horas. A morte de Haniyeh, a face mais política e moderada do grupo, a favor da negociação com Israel e de ganhar a legitimidade internacional, deixa os islâmicos nas mãos da liderança mais extremista, encarnado por Yahya Sinwar, mentor dos ataques de 7 de outubro.

Presidente da Autoridade Nacional Palestina e Rússia se pronunciaram contra Israel

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e o secretário do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al Sheikh, condenaram a morte do líder político do Hamas. Abbas, que governa pequenas partes da Cisjordânia ocupada, “condenou veementemente o assassinato do líder do movimento Hamas e considerou-o um ato covarde e um acontecimento perigoso”, segundo informou a agência de notícias oficial palestina “Wafa”. O presidente da ANP também pediu que “as massas e as forças do povo palestino” tenham “unidade, paciência e firmeza diante da ocupação israelense”. Por sua vez, Al Sheikh também condenou o “assassinato” de Haniyeh, classificando-o como “um ato covarde”. “Isto nos chama a permanecermos mais firmes face à ocupação e à necessidade de alcançar a unidade das forças e facções palestinas”, frisou o também ministro da ANP na rede social X (antigo Twitter).

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Em 23 de julho, o Hamas e o partido secular Fatah, liderado por Abbas, assinaram uma declaração em Pequim na qual se comprometem a acabar com a divisão que prevalece desde 2007 entre estas duas facções e a reforçar a unidade com os demais grupos. Os signatários, incluindo a Jihad Islâmica, a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) e a Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), buscam com esse acordo o estabelecimento de um Estado palestino independente com capital em Jerusalém (um propósito que os grupos já apoiavam individualmente) de acordo com as resoluções da ONU.

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A Rússia, através do Kremlin, alertou para o perigo que a ação pode causar no xadrez global. “Condenamos veementemente o assassinato do chefe do gabinete político do movimento palestino Hamas, Ismail Haniyeh, como resultado de um ataque com mísseis à sua residência em Teerã”, disse Andrei Nastasin, um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores russo, em entrevista coletiva. O diplomata russo destacou que “não há dúvida de que o assassinato de Haniyeh terá um impacto muito negativo no progresso dos contatos indiretos entre Hamas e Israel, no âmbito dos quais foram acordadas condições mutuamente aceitáveis ​​para um cessar-fogo na Faixa de Gaza”.

Moscou também apela “a todas as partes para que se contenham e se abstenham de medidas que possam levar a uma dramática degradação da situação de segurança na região e provocar um confronto armado em grande escala”. O país também condenou os ataques israelenses contra Beirute, que “representam uma grosseira violação da soberania do Líbano e das normas básicas do direito internacional”. “Expressamos a nossa profunda preocupação relativamente à ameaça de agravamento da situação no Oriente Médio”, destacou. O Hamas, que a Rússia não reconhece como organização terrorista e com cujos representantes manteve consultas nos últimos anos em Moscou, culpou Israel pelo assassinato de Haniyeh e prometeu que sua morte “não ficará impune”.

*Com informações da EFE

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