Irã ameaça Trump e pede que Biden dê fim às sanções impostas pelos EUA

A mudança na presidência dos Estados Unidos representa uma esperança de melhora nas relações com o Irã, que tem usado o seu programa nuclear para chamar atenção da nação inimiga

  • Por Bárbara Ligero
  • 06/01/2021 12h30
  • BlueSky
EFE/EPA/AHMED JALIL Manifestantes iranianos homenagearam o general Qassem Soleimani no aniversário de um ano de sua morte

A relação historicamente conturbada entre os Estados Unidos e o Irã ficou ainda pior durante o governo de Donald Trump. Um ano depois de assumir a Casa Branca, o republicano retirou os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, acusando-o de ser “o maior patrocinador mundial do terrorismo”. Firmado em 2015 pelo ex-presidente Barack Obama após 20 meses de negociação, o tratado estabelecia que o governo norte-americano não faria sanções econômicas caso a República Islâmica concordasse em ter o seu programa nuclear limitado e monitorado. Com o rompimento de Trump, os Estados Unidos voltaram a tomar ações que restringiam as relações comerciais do Irã, deixando-o inclusive com acesso limitado a alguns medicamentos. O que estava ruim ficou ainda pior com o assassinato, em 3 de janeiro de 2020, do importante general iraniano Qassem Soleimani, cuja morte foi encomendada pela Casa Branca. A resposta do Irã foi começar a enriquecer urânio acima dos limites que haviam sido estabelecidos pelo acordo nuclear.

O país do Oriente Médio confirmou o enriquecimento de urânio com 20% de pureza nesta terça-feira, 5. A data coincide não só com a proximidade do aniversário de um ano da morte de Soleimani como também do fim do governo de Donald Trump, que deve ser oficialmente substituído pelo democrata Joe Biden no próximo dia 20. Nesse contexto, a diplomacia da República Islâmica está sendo baseada em uma mistura de ameaça com abertura para negociações. A Guarda Revolucionária do Irã advertiu nesta quarta-feira, 6, que as autoridades norte-americanas que ordenaram o assassinato do general não terão tranquilidade “nem dentro das suas casas”. Segundo o sucessor de Soleimani, Esmail Qaani, isso inclui desde Trump até o secretário de Estado, Mike Pompeo. “Devido ao crime que cometeram, desta vez não sairão sob a pressão à qual estão sujeitos, e os seguidores da escola Qasem Soleimani vão, primeiramente, quebrar os ossos dos americanos para depois expulsá-los da região”, ameaçou.

Enquanto isso, o presidente Hassan Rouhani garantiu que o Irã voltará a cumprir o acordo nuclear desde que os Estados Unidos deixem de impor sanções ao seu país. “Nossa resposta é explícita, clara e simples. Dizemos que se vocês cumprirem todas as suas obrigações, nós também cumpriremos todas as nossas obrigações”, afirmou o mandatário nesta quarta-feira, 6, em mensagem direcionada a Joe Biden. O democrata, que foi vice-presidente de Barack Obama, já sinalizou sua intenção de retomar o tratado, mas insistiu que alguns pontos precisam ser revistos, deixando assim uma incógnita sobre o futuro das relações entre Estados Unidos e Irã.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.