EUA impõem novas sanções ao Irã, limitando compra de alimentos e remédios

Aliados do Irã alertam que decisão pode ter consequências humanitárias devastadoras; bloqueio aos bancos seria uma resposta dos EUA ao programa nuclear no país

  • Por Bárbara Ligero
  • 09/10/2020 12h38 - Atualizado em 09/10/2020 12h53
REUTERS/Brendan Mcdermid/File Photo O presidente do Irã, Hassan Rouhani, em uma Assembléia Geral das Nações Unidas em 2019

Nesta quinta-feira (8), autoridades do Irã criticaram as sanções impostas pelos Estados Unidos em 18 grandes bancos do país. Para os iranianos, o bloqueio é uma tentativa norte-americana de acabar com os últimos canais que a nação do Oriente Médio possui para importar itens básicos essenciais. Através de sua conta oficial no Twitter, o Ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammed Javad Zarif, publicou: “em meio à pandemia de coronavírus, o governo dos Estados Unidos quer explodir nossos canais restantes para pagar por alimentos e remédios. Os iranianos irão sobreviver a essas últimas crueldades. Porém, conspirar para matar uma população de fome é um crime contra a humanidade. Os culpados e facilitadores – que bloqueiam nosso dinheiro – enfrentarão a justiça”.

A ação foi autorizada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que em janeiro deu total autoridade ao Secretário do Estado, Mike Pompeo, e ao Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, para sancionar qualquer parte da economia iraniana. Em setembro, o presidente do Irã, Hassan Rouhani chegou a publicar uma declaração em sua conta oficial no Twitter que dizia: “Nenhuma administração na história desfez 13 anos de negociações internacionais sem justificativas e desonrou as resoluções da ONU. Os EUA não pode nem impor negociações, nem guerra! A vida é dura sob sanções, mas é mais dura sem independência”.

Ao anunciar a nova série de sanções, Pompeo disse que o Reino Unido, a França e a Alemanha também deveriam cumpri-las, apesar da Organização das Nações Unidas dizer que Washington não tem o poder legal de exigir isso. Os bloqueios foram levados adiante mesmo depois dos aliados do Irã na Europa alertarem que a decisão norte-americana poderia ter consequências humanitárias devastadoras no país.

Segundo o jornal britânico The Independent, a tentativa de enfraquecer o país do Oriente Médio é uma resposta ao seu programa de armas nucleares. Os Estados Unidos tinham um acordo nuclear com o Irã até 2018, quando Trump decidiu se retirar do mesmo. Desde então, os iranianos voltaram a enriquecer mais urano do que estava antes estabelecido no contrato. A emissora de televisão BBC relata ainda que Mnuchin afirmou que as sanções impostas pelos Estados Unidos “continuarão até que o Irã pare o seu apoio a atividades terroristas e acabe com seus programas nucleares”.

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