Julho bate recorde e se torna o mês mais quente já registrado na história do planeta

Secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a humanidade saiu da era do aquecimento global para entrar na era da ‘ebulição global’

  • Por Jovem Pan
  • 08/08/2023 14h10 - Atualizado em 08/08/2023 18h15
Ronda Churchill / AFP calor nos eua Clint Johnson, de Pleasant Hill, Califórnia, e Melanie Anguay, de Las Vegas, posam para uma foto ao lado de uma exibição digital de uma leitura de calor não oficial no Furnace Creek Visitor Center durante uma onda de calor no Death Valley National Park em Death Valley, Califórnia, em 16 de julho de 2023

O mês de julho de 2023 foi o mais quente já registrado na Terra, anunciou o observatório europeu Copernicus nesta terça-feira, 8. O planeta registrou 0,33ºC acima do recorde anterior, obtido em julho de 2019. O mês passado também foi marcado por ondas de calor e incêndios em todo o mundo, com temperaturas médias na atmosfera 0,72°C mais elevadas do que as médias registradas para julho entre 1991 e 2020, e, estima-se que a temporada de recordes do ano ainda não tenha sido encerrada. Em 27 de julho, os especialistas já consideravam “extremamente provável” que julho de 2023 seria o mês mais quente já registrado. A média do mês de julho de 2019, o recorde anterior, foi de 16,63°C. O recorde absoluto foi batido em 30 de julho, com 20,96°C. Os oceanos também são vítimas do fenômeno preocupante: as temperaturas registradas na superfície do mar estão anormalmente elevadas desde abril, e os níveis registrados em julho não têm precedentes.

Recentemente, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a humanidade saiu da era do aquecimento global para entrar na era da “ebulição global”. Durante todo o mês, a temperatura na superfície do mar ficou 0,51°C acima da média (1991-2020). Caso se utilize como referência a base de dados da paleoclimatologia, “não faz tanto calor desde há 120.000 anos”, afirmou a vice-diretora do serviço europeu Copernicus sobre Mudança Climática (C3S), Samantha Burguess, em entrevista coletiva. “Acabamos de testemunhar as temperaturas globais do ar e as temperaturas globais da superfície dos oceanos estabelecendo novos recordes históricos. Os recordes têm consequências terríveis para as pessoas e para o planeta, que estão expostos a eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos”, disse Samantha. O observatório Copernicus indica que o gelo marinho antártico atingiu seu menor nível para um mês de julho desde o início das observações por satélite, 15% abaixo da média do mês.

onda de calor na Espanha

Casal anda de moto Vespa passando por um termômetro de rua marcando 44 graus Celsius em Sevilha │CRISTINA QUICLER / AFP

Os sinais do aquecimento global provocado pelas atividades humanas – começando pelo uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás) – foram registrados simultaneamente em todo o planeta. A Grécia sofreu grandes incêndios, assim como o Canadá, que também registrou inundações. As ondas de calor sucessivas no sul da Europa, norte da África, sul dos Estados Unidos e parte da China também provocaram muitos danos. A rede científica World Weather Attribution (WWA) concluiu que as recentes ondas de calor na Europa e nos Estados Unidos teriam sido “praticamente impossíveis” sem o efeito da atividade humana. “2023 é o terceiro ano mais quente até o momento, 0,43°C acima da média recente, e uma temperatura média global em julho 1,5°C acima dos níveis pré-industriais”, fala Samantha Burgess.

O resultado de 1,5°C é muito simbólico, porque é o limite mais ambicioso estabelecido pelo Acordo de Paris de 2015 para limitar o aquecimento global. O limite, a que se refere este acordo internacional, envolve, no entanto, médias de muitos anos, e não de apenas um mês. “Embora tudo isto seja apenas temporário, mostra a urgência de esforços ambiciosos para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa, que são a principal causa dos recordes”, conclui Samantha Burgess. O Copernicus alerta que “para 2023, esperamos um final de ano relativamente quente com o desenvolvimento do fenômeno do El Niño”. O fenômeno climático cíclico sobre o Pacífico é, de fato, sinônimo de aquecimento global adicional.

*Com informações da AFP

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