Líder da esquerda diz estar pronta para construir coligações e governar a França
Candidata a primeira-ministra da França pela Nova Frente Popular se reuniu com presidente Emmanuel Macron nesta sexta-feira (23) e discutiu alianças governamentais
A candidata a primeira-ministra da França pela Nova Frente Popular (NFP), Lucie Castets, garantiu nesta sexta-feira (23) que está pronta para construir coligações que lhe permitam governar, após a reunião dos líderes da coalizão de esquerda com o presidente Emmanuel Macron. Em declarações à imprensa na saída da reunião no Palácio do Eliseu, Castets disse que o diálogo foi valioso e que Macron reconheceu que os franceses enviaram uma mensagem de mudança nas eleições de julho, embora tenha ressaltado que a “tentação” do chefe de Estado em querer “compor seu governo” ainda está presente. A candidata defendeu que, como força política líder em número de deputados (193, juntamente com seus parceiros) após as eleições de 7 de julho, cabe à NFP governar. No entanto, disse estar consciente de que não têm maioria absoluta (289) e que têm de buscar “compromissos”.
“Estou pronta a partir de hoje para construir coligações, para debater com outras forças políticas para tentar encontrar uma forma que garanta a estabilidade do país e finalmente responda às necessidades urgentes expressas pelo povo francês”, declarou. Entre os dirigentes da NFP que também participaram na reunião no Eliseu, o primeiro secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, destacou que, embora não haja data definida, o anúncio de um novo primeiro-ministro será “rápido”. “Há questões urgentes para tratar e deixar passar semanas sem abordá-las é grave e até irresponsável”, advertiu, por sua vez, a secretária nacional dos Ecologistas, Marine Tondelier, antes de explicar que pediram a Macron uma decisão na próxima terça-feira, dia seguinte ao final da sua rodada de consultas com todos os partidos.
Os dirigentes da NFP avaliaram de forma positiva a reunião em geral e, em particular, que Macron tenha estendido o convite a Castets, já que inicialmente – e como acontecerá com os demais partidos – apenas os líderes dos grupos e os líderes parlamentares foram convidados para o encontro no Eliseu. “O presidente da República parece começar a compreender que perdeu as eleições legislativas, mas ainda não parece extrair todas as consequências”, comentou Manuel Bompard, coordenador do partido A França Insubmissa (LFI), que juntamente com o Partido Comunista completa as quatro famílias da NFP.
Precisamente a presença deste grupo mais radical, fundado por Jean-Luc Mélenchon, é o que mais coloca em dúvida a capacidade da NFP – que também revelou graves divisões internas ao longo deste processo – para fechar acordos com outras forças. Especificamente, o resto dos grandes blocos ameaça derrubar qualquer governo que inclua figuras da LFI, incluindo o macronismo. Mas, em um detalhe significativo, o primeiro secretário do Partido Socialista disse hoje à imprensa que durante a reunião Macron admitiu que todas as forças que participaram na “frente republicana” para travar o que parecia ser uma vitória inevitável da extrema-direita têm legitimidade para governar.
Depois da NFP, Macron receberá representantes do seu próprio partido e dos conservadores da direita republicana, bem como de outras formações minoritárias. Na segunda-feira será a vez da extrema-direita de Marine Le Pen, que almejava a vitória nas eleições de julho, mas teve de se contentar com o posto de terceira força da Assembleia Nacional devido ao cordão sanitário organizado pelos demais partidos.
*Com informações da EFE
Publicado por Fernando Keller
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