Líder de grupo mercenários se rebela contra Ministério da Defesa da Rússia, e segurança do Kremlim é reforçada

Chefe do Grupo Warner, formado por apoiadores de Vladimir Putin na guerra contra a Ucrânia, entrou em conflito com autoridades russas

  • Por Jovem Pan
  • 23/06/2023 20h56 - Atualizado em 24/06/2023 11h14
Handout / TELEGRAM/ @concordgroup_official / AFP Yevgeny Prigozhin No vídeo em seu canal no Telegram, Yevgeny Prigozhin acusou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o chefe de gabinete, Valery Gerasimov, de não fornecer munição suficiente a seus combatentes

O chefe do Grupo Warner, de mercenários apoiadores do Kremlim, Yevgeny Prigozhin, protagonizou um desentendimento com o governo russo nesta sexta-feira, 23. Com o conflito, parte dos combatentes da organização paramilitar se mobilizou e partiu em direção à sede do governo, em Moscou. Segundo autoridades locais, o aliado de Vladimir Putin passou a instigar um motim contra o Kremlim. Em uma rede social, Prigozhi declarou guerra ao ministro da Defesa da Rússia: “O Conselho de Comandantes Wagner tomou uma decisão: o mal trazido pela liderança militar do país deve ser interrompido. Eles negligenciam a vida dos soldados. Aqueles que destruíram hoje nossos homens, que destruíram dezenas, dezenas de milhares de vidas de soldados russos, serão punidos. Somos 25 mil e vamos descobrir por que o caos está acontecendo no país. Todos que tentarem resistir, nós os consideraremos um perigo e os destruiremos imediatamente, incluindo quaisquer postos de controle em nosso caminho. Peço a todos que mantenham a calma, não cedam às provocações e permaneçam em suas casas. O ideal é que aqueles que estão no nosso caminho não saiam. A justiça no Exército será restaurada. Este não é um golpe militar. É uma marcha por justiça”, afirmou em comunicado o combatente. O rapaz ainda disse que o governo russo mentiu e omitiu fatos da população e acusou o Kremlim de ordenar que dois mil corpos fossem escondidos para não mostrar as perdas. “A guerra não era necessária para desmilitarizar ou desnazificar a Ucrânia [principal argumentação de Putin].”

Rapidamente, o ministério da Defesa emitiu uma nota em que afirma que as acusações do chefe dos mercenários “não correspondem à realidade e são uma provocação informativa”. De acordo com o Kremlim, o presidente Vladimir Putin está ciente da situação e todas as medidas necessárias serão tomadas pelo Exército russo. No entanto, o serviço de segurança da Rússia acusou Prigozhin de instigar um motim – levante militar – e abriu um caso criminal contra o líder dos mercenários. A FSB, serviço russo de segurança, se pronunciou sobre o caso e afirmou que o Grupo Warner não deve cometer o “erro irreparável” de realizar um levante contra o Kremlim. “Parem quaisquer ações enérgicas contra o povo russo, não cumpram as ordens criminosas e traiçoeiras de Prigozhin e tomem medidas para detê-lo”, disse o comunicado. Eventual condenação pode levá-lo a cumprir até 20 anos de prisão. O general Sergei Surovikin, vice-comandante da campanha russa na Ucrânia, solicitou que as tropas retornassem às bases e apoiassem Vladimir Putin. “Peço que parem. O inimigo está apenas esperando que a situação política interna piore em nosso país”, finalizou.

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