Lula anuncia programa para desenvolver agricultura de Angola: ‘Fazer uma revolução agrícola’

Objetivo é ampliar a agricultura local com técnicas de plantio e irrigação semelhantes às que foram utilizadas no Vale do Rio São Francisco, no nordeste brasileiro

  • Por Jovem Pan
  • 25/08/2023 12h09 - Atualizado em 25/08/2023 12h48
Divulgação/Ricardo Stuckert luiz-inacio-lula-da-silva-presidente-da-angola-joao-lourenco-viagem-a-africa-reproducao-twitter-ricardo-stuckert Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) firmou acordos com o presidente angolano João Lourenço nesta sexta-feira, 25

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta sexta-feira, 25, a elaboração de um plano conjunto entre os Ministérios da Agricultura do Brasil e de Angola para o desenvolvimento agrícola do país africano, especialmente na região do Vale do Rio Cunene. “A prioridade é fazer uma revolução agrícola no país para garantir o crescimento econômico e a segurança alimentar da população”, disse Lula, após encontro com o presidente João Manuel Lourenço, em Luanda, capital angolana. Segundo o presidente, o Brasil é o parceiro ideal. “Enfrentamos desafios semelhantes. Hoje, temos conhecimentos tecnológicos e políticas públicas para compartilhar com Angola”, disse Lula. Os países buscarão parcerias no setor privado brasileiro para completar a estrutura de irrigação necessária para Angola, com proteção ambiental e desenvolvimento sustentável. “Em vez de iniciativas pontuais e isoladas, o programa vai reunir 25 ações que se complementam, todas com o objetivo de promover o desenvolvimento agrícola nessa região”, afirmou.

“Isso incluirá desde pesquisa agropecuária até capacitação para a implementação de políticas de crédito para pequenos produtores. O Vale do Cunene é parecido com o Vale do São Francisco, no Brasil, uma região historicamente afetada por secas que se transformou em um polo produtor de alimentos. Vamos buscar parceiros no setor privado brasileiro para completar a estrutura de irrigação necessária em Cunene”, sinalizou Lula. O Programa de Desenvolvimento Regional do Vale do Cunene, região no sul de Angola castigada pela seca nos últimos anos, tem participação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Os governos brasileiro e angolano assinaram sete acordos de cooperação nas áreas de diplomacia, turismo, saúde, agricultura, educação, apoio a pequenas e médias empresas e promoção de exportação. Durante o encontro com o presidente angolano, também houve troca de condecorações. Mais cedo, Lula visitou o memorial em homenagem a Antônio Agostinho Neto, líder angolano que lutou pela independência do país, que foi colônia de Portugal até 1975. O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola. O presidente Lula afirmou, ainda, que sua visita a Angola representa um momento especial, que simboliza o retorno do Brasil à África. “Começamos por um país que sempre foi nossa maior ponte”, disse.

“Nos últimos anos, lamentavelmente, o Brasil tratou os países africanos com indiferença. Pela primeira vez desde a redemocratização, tivemos um presidente que não fez nenhuma visita à África. Embaixadas brasileiras foram fechadas no continente e a cooperação foi abandonada. Deixamos de atuar juntos nos fóruns internacionais. Agora, vamos corrigir esses erros e vamos alçar nossa parceria estratégica a um novo patamar”, declarou o presidente da República. Segundo Lula, o Brasil deve apoiar Angola no que chamou de “esforço” para diversificar a economia do país africano. “Nosso comércio pode ser mais amplo e diverso. O intercâmbio bilateral caiu drasticamente a partir de 2015, mas, só no primeiro semestre deste ano, já cresceu quase 65% em comparação ao mesmo período do ano passado”, destacou.

O presidente chegou ao continente africano na última segunda-feira, 21. A primeira parada foi na África do Sul para a 15ª Cúpula de chefes de Estado do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Nesta sexta e sábado, 26, Lula cumpre agenda em Angola e, no domingo, 27, estará em São Tomé e Príncipe para participar da conferência de chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

*Com informações da Agência Brasil

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