Macron se recusa a nomear candidata de esquerda como primeira-ministra

Diferente dos países vizinhos, onde o poder dos chefes de Estado é protocolar, na França as decisões são compartilhadas entre o presidente e o primeiro-ministro, que pode ser de outra orientação política

  • Por Jovem Pan
  • 26/08/2024 18h23 - Atualizado em 26/08/2024 18h25
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EFE/EPA/Lewis Joly emmanuel mcaron Emmanuel Macron convocou eleições antecipadas após derrota nas eleições européias

O presidente da França, Emmanuel Macron, rejeitou, nesta segunda-feira (26), nomear como primeira-ministra a candidata de esquerda em nome da “estabilidade institucional”. “Um governo baseado apenas no programa e nos partidos propostos pela aliança com maior número de deputados, a Nova Frente Popular, seria imediatamente censurado” na Assembleia (Câmara baixa), ressaltou, em um comunicado, o mandatário francês, que retomará as consultas na terça-feira (27). A NFP, formada por socialistas, comunistas, ecologistas e o partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), venceu as eleições com 193 deputados e propôs como primeira-ministra a economista Lucie Castets, de 37 anos.

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Diferentemente dos países vizinhos, onde o poder dos chefes de Estado é protocolar, Macron, cujo mandato termina em 2027, compartilha o poder executivo com o governo, que pode ser de outra orientação política (“coabitação”). Cabe ao presidente nomear o chefe de governo. “Minha responsabilidade é garantir que o país não fique bloqueado ou se fragilize”, assegura no comunicado, apelando aos “partidos de governo” a não esquecer “as circunstâncias excepcionais” do segundo turno. Macron causou comoção na França com a antecipação das eleições legislativas, previstas para 2027, para 30 de junho e 7 de julho para pedir um “esclarecimento” aos eleitores após a vitória da direita nas eleições europeias.

Este cenário mergulhou a França em um impasse político, pois nenhum dos três principais blocos surgidos das eleições – esquerda, centro direita e direita – obteve a maioria de 289 deputados. Um novo pleito não pode ser convocado antes de julho de 2025. A aliança de centro direita de Macron, por sua vez, elegeu 166 deputados, seguida do partido de direita Reagrupamento Nacional (RN) e seus aliados (142) e do partido de direita tradicional Os Republicanos (LR, 47).

Na sexta-feira (23), quase dois meses após as eleições, Macron iniciou uma rodada de consultas com os partidos e, em virtude destes encontros, considerou que “a estabilidade institucional” da França “impõe não reter esta opção” de Castets, diz a declaração. “O presidente acaba de criar uma situação excepcionalmente grave. A réplica popular e política deve ser rápida e firme”, escreveu na rede social X o líder do LFI, Jean-Luc Mélenchon, reiterando que vão apresentar uma moção para destituir Macron. O líder comunista, Fabien Roussel, convocou uma “grande mobilização popular” nos “próximos dias”, enquanto a ambientalista Marine Tondelier criticou a “perigosa irresponsabilidade democrática” de um presidente que, segundo ela, causou o bloqueio com o inesperado adiantamento eleitoral.

*Com informações da AFP
Publicado por Sarah Américo

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