Mais de 16 mil pessoas morreram em 2022 na Europa por causa do calor, diz ONU

Temperatura no continente foi 2,3°C acima da média pré-industrial; relatório aponta que ‘estresse térmico extremo’ será mais frequente e intenso

  • Por Jovem Pan
  • 19/06/2023 15h09 - Atualizado em 19/06/2023 15h18
Piero CRUCIATTI / AFP calor na europa Onda de calor na Itália se espalhou por toda a península e 16 cidades, incluindo Roma, emitiram um alerta vermelho diante dos picos de temperatura de 40 graus

As ondas de calor que atingiram a Europa ao longo de 2022 provocaram 16,3 mil mortes, segundo dados da base internacional de Eventos de Emergência (EM-DAT) recolhidos em um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e do Copernicus Climate Change Service (C3S) divulgado nesta segunda-feira, 19. “O estresse térmico sem precedentes sofrido pelos europeus em 2022 foi uma das principais causas do excesso de mortes relacionadas ao clima na Europa. Infelizmente, isso não pode ser considerado um evento isolado ou uma estranheza climática”, afirmou o diretor do C3S, Carlo Buontempo. A evolução do sistema climático mostra que esse tipo de eventos faz parte de um padrão “que vai tornar o estresse térmico extremo mais frequente e intenso em toda a região”.

Segundo dados do EM-DAT, os riscos meteorológicos, hidrológicos e climáticos – tempestades, inundações, incêndios florestais, deslizamentos de terra e temperaturas extremas – mataram 16.365 pessoas EM 2022 e afetaram diretamente 156 mil pessoas. No ano passado, a temperatura neste continente foi 2,3°C acima da média pré-industrial (1850 -1900), utilizada como referência para o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. O documento confirma que a Europa aqueceu o dobro da média global desde a década de 1980, com impactos de grande alcance no tecido socioeconômico e nos ecossistemas da região.

A Europa registrou em 2022 seu verão mais quente da história e para países como Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suíça foi o ano mais quente da história. A temperatura média anual europeia situou-se entre a segunda e a quarta mais altas já registradas, com uma anomalia de 0,79°C acima da média do período 1991-2020. Em termos de mortalidade, as ondas de calor concentraram 99,6% das mortes, segundo o relatório do Estado do Clima na Europa em 2022 da OMM e do C3S, que se resume a um aumento de temperaturas, baixa pluviosidade, mais incêndios florestais e derretimento sem precedentes das geleiras. As inundações e tempestades representam 67% dos eventos e foram responsáveis pela maior parte dos prejuízos econômicos totais, cuja fatura ascendeu a US$ 2,13 bilhões. A segunda edição do relatório coincide com a celebração em Dublin, na Irlanda, da VI Conferência Europeia de Adaptação às Mudanças Climáticas e procura fornecer dados ajustados às necessidades específicas de cada região para que possam melhorar suas estratégias de adaptação e mitigação.

Impacto do calor na Europa

Na Espanha, as reservas de água diminuíram para 41,9% de sua capacidade total em 26 de julho de 2022, com percentuais ainda menores em algumas bacias. A França registrou sua estação mais seca de janeiro a setembro, e Reino Unido e Uccle (Bélgica) experimentaram o período de janeiro a agosto mais seco desde 1976, com importantes consequências para a agricultura e a produção de energia. As geleiras da Europa perderam um volume de gelo de cerca de 880 quilômetros cúbicos entre 1997 e 2022. Os Alpes foram os mais afetados, com redução média da espessura do gelo de 34 metros. Em 2022, eles experimentaram um novo recorde de perda de massa em um único ano. A camada de gelo da Groenlândia perdeu 5.362 ± 527 gigatoneladas de gelo entre 1972 e 2021, contribuindo com cerca de 14,9 milímetros para o aumento médio global do nível do mar. Segundo avaliações científicas, continuou perdendo massa em 2022. As temperaturas médias da superfície do mar em toda a área do Atlântico Norte foram as mais quentes já registradas e grandes porções dos mares da região foram afetadas por ondas de calor marinhas fortes ou mesmo “extremamente severas”. As taxas de aquecimento da superfície do oceano, particularmente no leste do Mediterrâneo, Báltico e Negro e no sul do Ártico, foram mais de três vezes a média global.

*Com informações da EFE

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