Paraguai pede explicação ao Brasil sobre espionagem da Abin

Ministro da Indústria e Comércio paraguaio, Javier Giménez, afirmou que a gestão de Lula negou ter participado da operação, mas, ‘no entanto, admite-se que o governo de Bolsonaro realizou essas ações de espionagem’

  • Por Jovem Pan
  • 18/06/2025 16h30 - Atualizado em 18/06/2025 16h39
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Caio Coronel/Itaipu/Agência Brasil Usina de Itaipu País vizinho cobra o Brasil sobre medidas usadas para obter informações relacionadas às tarifas da hidrelétrica binacional Itaipu

O governo do Paraguai disse nesta quarta-feira (18) que mantém uma “posição firme” em seu pedido de explicação ao Brasil sobre as questões de espionagem para obter informações previstas relacionadas às tarifas da hidrelétrica binacional Itaipu, uma questão que ressurgiu nas últimas horas em Assunção após a publicação de novas revelações jornalísticas.

“Continuamos com a posição firme do governo paraguaio de receber as explicações pertinentes sobre os fatos ocorridos”, disse o ministro da Indústria e Comércio paraguaio, Javier Giménez, em declarações à emissora de rádio “ABC Cardinal”. Giménez afirmou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva negou ter participado da operação, mas, “no entanto, admite-se que o governo de (Jair) Bolsonaro realizou essas ações de espionagem por meio de sua agência de inteligência”.

Em março, o governo de Lula admitiu que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) especifica uma operação de espionagem contra o Paraguai em 2022, sob a administração de Bolsonaro, e esclareceu que a mesma foi encerrada em 27 de março de 2023. Em uma reunião posterior, em abril, em Buenos Aires, os ministros das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez, e do Brasil, Mauro Vieira, discutiram a questão e concordaram em colocar as relações de volta nos trilhos.

Durante uma conversa, Vieira, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai na época, “informou que seu governo está no processo de uma ampla investigação para esclarecer os graves acontecimentos” e que estava “aguardando os resultados” fornecidos pelas autoridades correspondentes.

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Giménez destacou hoje que o Paraguai ainda está aguardando o documento com a explicação e que o Ministério das Relações Exteriores está trabalhando para “construir essa ponte”, um processo no qual essa solicitação seja primeiro atendida de maneira “satisfatória” e depois retornou à mesa de negociações do Anexo C do acordo sobre Itaipu, que Assunção paralisou em resposta às denúncias de espionagem.

O Anexo C do Tratado de Itaipu, assinado em 1973, obriga o Paraguai a vender ao Brasil o excedente de sua cota de energia produzida em Itaipu a preços preferenciais. Em 2024, os dois países concordaram em aumentar as tarifas pagas pelo Brasil nos próximos três anos para US$ 19,28 por quilowatt-mês, cerca de US$ 2,50 a mais.

Hoje, a imprensa paraguaia repercutiu novas informações divulgadas no Brasil, segundo como o governo Lula teria continuado suas atividades de espionagem e que agentes brasileiros tiveram acesso antecipado a um discurso do então ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Julio Arriola, proferido em março de 2023.

Giménez ressaltou que o Paraguai deve receber uma explicação para a reclamação inicial e afirmou que o país está “ansioso para reconstruir” sua relação com o Brasil, além de enfatizar que o país é seu principal parceiro comercial e com o qual tem outras questões além do Anexo C.

*Com informações da EFE
Publicado por Carolina Ferreira 

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