Peru em crise: Casos de corrupção e tentativas de golpe cercam o país há mais de três décadas

Desde 1990, políticos que assumiram a presidência foram condenados ou ligados a investigações de desvio de dinheiro, tráfico de influência e autoritarismo

  • Por Jovem Pan
  • 07/12/2022 17h09 - Atualizado em 07/12/2022 17h11
EFE/ Aldair Mejia Peru Pelo menos três presidentes peruanos foram ligados à Operação Lava-Jato, sendo subornados pela Odebrecht

A destituição de Pedro Castillo da presidência do Peru não é um caso isolado na história do país. Pelo menos desde 1990, os políticos a assumirem a liderança da nação têm realizado manobras políticas similares à tentativa de dissolução do Congresso realizada por Castillo, além de serem ligados a diversos casos de corrupção. Eleito em 1990, Alberto Fujimori foi responsável por um movimento chamado de “Autogolpe de 1992”. Ao lado da Força Armada do país, ele dissolveu o Congresso, fechou o Poder Judiciário, o Ministério Público, o Tribunal Constitucional e o Conselho da Magistratura, em colaboração com as Forças Armadas. Suas atitudes fizeram seu governo ser considerado uma ditadura, marcado por diversas acusações de sequestros, assassinato, perseguição, além da organização da esterilização de mais de 300 mil mulheres, sem consentimento. Após diversos escândalos, ele renunciou em 2000 e pediu asilo político no Japão.

Em 2001, ele foi sucedido por Alejandro Toledo. Apesar de não haver grandes polêmicas durante seu período na presidência, em 2016, ele foi acusado de lavagem de dinheiro e tráfico de influência. Toledo teria recebido suborno de empresas brasileiras, incluindo a Odebrecht. Ele fugiu do país mas foi preso em 2019 nos Estados Unidos. Alan García assumiu a presidência em 2006. Sem acusações formais diretas a ele, cinco ministros do seu governo foram citados em casos de corrupção relacionados à Odebrecht. Ele cometeu suicídio após descobrir que seria preso preventivamente por ligação ao caso. Em 2011, foi sucedido por Ollanta Humala. Ao lado da esposa, o presidente foi condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro durante a campanha presidencial. Em 2016, Pedro Pablo Kuczynski assume a presidência do Peru, cargo que ocupa até 2018 quando sofre dois processos de impeachment. Ele foi acusado de receber propina da Odebrecht. Antes da votação do segundo processo, ele renunciou. Em 2018, Martín Vizcarra sobe ao poder até que o Congresso peruano votou por seu afastamento alegando “incapacidade moral” e tráfico de influência, em 2020. Foi o segundo processo de impeachment de Vizcarra, que foi substituído pelo presidente do Congresso Manuel Merino. A presidência de Merino foi rejeitada pela população que o acusou de golpe e realizou uma onde de protestos. Com a rejeição, ele renunciou o cargo após cinco dias. Francisco Sagasti assume em 2020, seguindo a sucessão constitucional, até que as eleições de 2021 que elegeram Pedro Castillo.

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