Por não estar usando véu, mulher é baleada por policiais no Irã e fica paralítica

Oficiais tentaram parar o carro da vítima a tiros quando se deram conta que havia uma ordem para apreender o veículo, que não respeitava o rígido código do hijab

  • 11/08/2024 12h38
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Bart Maat/ANP/AFP Um manifestante segura um slogan que se lê em persa como Protestos contra o uso obrigatório do véu já aconteceram em massa no Irã

Uma mulher de 31 anos, que não usava o véu islâmico exigido no Irã, ficou paralítica depois de ter sido baleada nas costas pelas forças de segurança do país, segundo relatos da imprensa. Trata-se de Arezou Badri, mãe de dois filhos pequenos, que foi baleada em 22 de julho enquanto dirigia na cidade de Nour, na província de Mazandaran, no norte do país, por não acatar a ordem policial de parar seu veículo, segundo uma reportagem recente da “BBC Persian”. Os policiais tentaram parar o carro dela quando se deram conta que havia uma ordem para apreender o veículo por não respeitar o rígido código do hijab. Essa medida vem sendo aplicada no país nos últimos meses para forçar o uso do véu islâmico.

Por meio de uma mensagem de texto, as autoridades notificam os proprietários dos carros capturados com mulheres sem véu que o seu carro será confiscado. Foi o caso de Badri, que, por não parar, os agentes atiraram primeiro nos pneus do veículo e depois dispararam contra ela, e a bala atingiu-a nas costas. Após cerca de dez dias, os médicos conseguiram retirar a bala da cintura de Badri, mas seus pulmões e medula espinhal foram gravemente afetados. Segundo os médicos, ainda não se sabe se a mulher ficou paralisada de forma permanente ou temporária. Badri está atualmente sob rigorosas medidas de segurança na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Valiasr de Teerã e os policiais só permitem que sua família a visite por alguns minutos, apenas após de confiscar seus celulares para evitar a divulgação de fotos da vítima.

Desde o último mês de abril, as autoridades iranianas lançaram uma campanha denominada ‘Plano Luz’ para impor o uso do véu islâmico às mulheres que deixaram de usá-lo após a morte de Mahsa Amini em setembro de 2022, sob custódia policial, por não usar o hijab corretamente. A morte de Amini provocou protestos massivos em todo o país, que pediam maiores liberdades sociais e o fim da República Islâmica, e continuaram durante meses. Finalmente, as forças de segurança conseguiram sufocar os protestos com uma repressão que deixou cerca de 500 mortos.

*Com informações da EFE
Publicado por Marcelo Bamonte

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