Presidente do Equador propõe aumento de imposto para financiar combate às facções

Daniel Noboa enfrenta seu primeiro grande desafio no comando no país desde que uma tensão foi desencadeada após a fuga do líder de uma das máfias mais poderosas

  • Por da Redação
  • 12/01/2024 16h35
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YURI CORTEZ / AFP crise no equador Soldados da 5ª Brigada de Infantaria mantêm um homem sob custódia enquanto participam com policiais em uma operação de segurança e procuram suspeitos durante o toque de recolher em bairros pobres de Guayaquil, Equador

O presidente do Equador, Daniel Noboa, apresentou ao Congresso uma proposta de aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 12% para 15%, com intenção de utilizar os recursos arrecadados para financiar o combate ao “conflito armado interno” desencadeado pela ofensiva de facções do narcotráfico. A medida foi divulgada pelo governo nesta sexta-feira, 12, e visa lidar com a crescente tensão no país desde a fuga do líder de uma das máfias mais poderosas. Nos últimos dias, mais de 20 gangues, compostas por cerca de 20 mil membros, têm espalhado terror por todo o país. Em resposta a essa situação, o governo decretou estado de exceção, ocorreram motins nos presídios com sequestro de policiais e ataques com explosivos nas ruas. Apesar das ações do governo, as prisões continuam sob controle dos presidiários, que mantêm reféns 178 guardas carcerários e outros funcionários.

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Essa crise representa o primeiro grande desafio do governo de Noboa, que tem 36 anos de idade, e assumiu a presidência em novembro de 2023, substituindo Guillermo Lasso. A onda de violência interna, que já resultou em 16 mortes, recebeu solidariedade da comunidade internacional, mas também gerou atritos com alguns países. Os Estados Unidos anunciaram o envio de altos comandantes militares ao Equador para enfrentar a ameaça representada pelas organizações criminosas transnacionais, enquanto a Argentina se ofereceu para enviar forças de segurança. A situação também tem gerado preocupação nas fronteiras com países vizinhos, especialmente a Colômbia.

O Equador, que por muito tempo foi considerado livre do narcotráfico, está se tornando um novo reduto para o envio de drogas aos Estados Unidos e Europa. As gangues disputam o controle do território e estão unidas em sua guerra contra o Estado. Como resultado, a taxa de homicídios aumentou 800% desde 2018. Os narcotraficantes utilizam as prisões como escritórios criminais, onde gerenciam o tráfico de drogas, ordenam assassinatos, administram os lucros do crime e lutam até a morte pelo poder. Diante da crise atual, o presidente Daniel Noboa anunciou a “repatriação” de 1,5 mil colombianos presos para reduzir a superlotação nas prisões, que atualmente abrigam cerca de 3 mil pessoas a mais do que sua capacidade.

Soldados do Equador estão na rua para combater onda de violência no país

Soldados do Equador estão na rua para combater onda de violência no país │Galo Paguay / AFP

No entanto, essa medida não foi bem recebida pelo governo esquerdista de Gustavo Petro, que a considera uma “expulsão em massa” e problemática, uma vez que os presos ficariam em liberdade do outro lado da fronteira. Para evitar a passagem de criminosos, a zona limítrofe foi militarizada nesta quarta-feira. Noboa, que assumiu o cargo em novembro, apresentou um projeto de lei urgente à Assembleia Nacional, onde seu partido é minoritário. O objetivo do projeto é aumentar o IVA como forma de enfrentar o conflito armado interno e a crise social e econômica que o Equador enfrenta, agravando ainda mais a difícil situação fiscal do país. O Parlamento terá 30 dias para se pronunciar sobre a proposta, que visa arrecadar recursos para lidar com a situação atual.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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