Putin mobiliza cidadãos reservistas para guerra contra a Ucrânia e faz ameaças: ‘Não é um blefe’

Ordem será aplicada, imediatamente, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial e deverá envolver 300 mil pessoas; presidente russo também criticou o que chamou de ‘ameaça nuclear do Ocidente’

  • Por Jovem Pan
  • 21/09/2022 08h20 - Atualizado em 21/09/2022 12h53
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EFE/EPA/MIKHAIL KLIMENTYEV Vladimir Putin Vladimir Putin, presidente da Rússia, vem promovendo uma guerra contra a Ucrânia desde 24 de fevereiro

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira, 21, que assinou uma ordem de mobilização parcial para cidadãos reservistas irem combater na guerra contra a Ucrânia. A ordem será aplicada imediatamente pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. Putin ainda alertou que, se o Ocidente continuasse sua “ameaça nuclear”, a Rússia responderia com toda a sua força militar e todos os seus meios. “Se a integridade territorial de nosso país estiver ameaçada, usaremos todos os meios disponíveis para proteger nossos cidadãos. Isso não é um blefe”, disse ele em um discurso televisionado à nação. Putin alegou que altos funcionários de vários Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) mostraram à Rússia a possibilidade de usar armas nucleares. Ele também acusou o Ocidente de arriscar uma “aniquilação nuclear” ao permitir que as forças ucranianas bombardeassem a usina nuclear de Zaporizhia, ocupada pela Rússia. “A agressiva política anti-Rússia do Ocidente ultrapassa todos os limites (…) Aqueles que tentam nos chantagear com armas nucleares devem saber que os ventos podem mudar”, afirmou.

O discurso de Putin veio depois que o exército russo sofreu uma derrota decisiva no nordeste da Ucrânia, com avanço das tropas ucranianas e recuo das russas. A escolha do presidente foi então pela escalada do conflito  bélico.”Considero necessário apoiar a proposta [do ministério da Defesa] de mobilização parcial dos cidadãos na reserva, aqueles que já serviram (…) e que têm experiência pertinente”, declarou. “Estamos falando apenas de uma mobilização parcial”, insistiu. Nos últimos dias, os rumores sobre uma mobilização geral provocaram preocupação entre muitos russos. O ministro da Defesa do país, Serguei Shoigu, explicou que a ordem envolve 300 mil reservistas, o que, em suas palavras, representa apenas “1,1% dos recursos que podem ser mobilizados”.

Mikhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ironizou a medida. “Tudo isto continua seguindo de acordo com o plano, certo? A vida tem um grande senso de humor (…) 210º dia da ‘guerra de três dias’. Os russos que pediam a destruição da Ucrânia acabaram com: 1. Mobilização. 2. Fronteiras fechadas, bloqueio das contas bancárias. 3. Prisão por deserção”, escreveu Podolyak no Twitter. A embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Bridget Brink, afirmou que a medida representa um “sinal de fraqueza” de Moscou, que precisa lidar com uma escassez de militares em sua ofensiva na Ucrânia, que esta semana completa sete meses. O Reino Unido seguiu a mesma linha. O secretário britânico de Defesa, Ben Wallace, afirmou que a decisão de Putin mostra que sua ofensiva “está falhando” e destacou que “a comunidade internacional está unida, enquanto a Rússia está virando um pária global”.

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