Redes de varejo do Reino Unido ameaçam boicotar produtos do Brasil devido ao desmatamento
Principais supermercados britânicos alertaram contra a aprovação de uma lei no Congresso Nacional que amplia os direitos de regularização fundiária e pode estimular a derrubada da floresta
Gigantes do varejo do Reino Unido ameaçaram boicotar as commodities agrícolas brasileiras devido ao desmatamento na Amazônia. Em carta divulgada nesta quarta-feira, 5, as redes de supermercados disseram que tomarão medidas caso o governo de Jair Bolsonaro aprove o projeto de lei 510/21, que amplia os direitos de regularização fundiária e, segundo os ativistas, pode estimular a derrubada da floresta para uso agrícola da terra. Assinaram a iniciativa as multinacionais Tesco, John Lewis e Marks & Spencer e os principais mercados britânicos: Aldi, Asda, Lidl, Morrisons, Sainsbury’s, Tesco, M&S, Co-Op, Waitrose e Iceland. “Não teremos escolha a não ser reconsiderar nosso apoio e uso da cadeia produtiva dos commodities agrícolas brasileiras”, alerta a carta dirigida ao Congresso Nacional. “No ano passado, vimos uma série de circunstâncias resultarem em níveis extremamente altos de incêndios florestais e desmatamento no Brasil. Ao mesmo tempo, observamos que as metas para reduzir esses níveis, bem como os orçamentos de fiscalização disponíveis para cumpri-los, são cada vez mais inadequados”, completa o texto. Em 2019 e 2020, o desmatamento na Amazônia foi de 10.700 km2 e 9.800 km2, respectivamente, os maiores níveis desde 2008, de acordo com dados oficiais.
O projeto de lei 510/21 prevê a “regularização fundiária, por alienação ou concessão de direito real de uso, das ocupações de áreas de domínio da União; estabelece como marco temporal de ocupação a data de 25 de maio de 2012, quando foi editado o Código Florestal”. Além disso, “amplia a área passível de regularização para até 2.500 hectares; dispensa vistoria prévia da área a ser regularizada, podendo ser substituída por declaração do próprio ocupante”. “Se aprovada, esta votação no Congresso Brasileiro irá alimentar ainda mais destruição e colocar um risco maior para as vidas das pessoas e da vida selvagem que a chamam de lar”, argumentam os signatários.
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