Reino Unido rejeita referendo sobre independência da Escócia
Pesquisas mostram que os escoceses estão quase igualmente divididos a favor e contra a separação
O Reino Unido não vai aceitar o novo referendo sobre a independência da Escócia, decidiu um tribunal britânico nesta quarta-feira, 23, complicando os planos da primeira-ministra nacionalista Nicola Sturgeon, que, no entanto, se recusa a desistir. A autorização de tal consulta está “reservada” ao Parlamento do Reino Unido e, por isso, “o Parlamento escocês não tem capacidade para legislar” a este respeito, disse o presidente do Supremo Tribunal, Robert Reed, ao ler uma decisão tomada por unanimidade em apenas seis semanas. O chefe de governo, Rishi Sunak, disse que essa é uma sentença clara e definitiva e apelou para que os Executivos trabalhem juntos de forma “construtiva e colaborativa” em um contexto de grave crise econômica no Reino Unido. A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, declarou-se “desiludida” com uma decisão que, na sua opinião, “não faz a lei, apenas a interpreta”. “Devemos e encontraremos outro meio democrático, legal e constitucional pelo qual o povo escocês possa expressar sua vontade”, disse ela. “Na minha opinião, só pode ser uma eleição”, acrescentou, anunciando que procurará uma maneira de transformar as próximas eleições legislativas britânicas, marcadas para janeiro de 2025 o mais tardar, em um “referendo de fato”. Pesquisas mostram que os escoceses estão quase igualmente divididos a favor e contra a separação do Reino Unido.
O Partido Nacional Escocês (SNP), liderado por Sturgeon, que governa esta nação britânica de 5,5 milhões de habitantes no norte do Reino Unido, quer organizar uma votação consultiva com a pergunta: “a Escócia deve ser um país independente?”. Inclusive, já marcou a data: 19 de outubro de 2023. Mas afirma querer “um referendo legal”, para evitar um conflito como o vivido na Espanha em 2017 devido à consulta realizada na Catalunha apesar da proibição da Justiça espanhola. O Executivo central de Londres recusa categoricamente, argumentando que a Escócia já organizou um referendo de autodeterminação em 2014 – 55% dos escoceses votaram para permanecer no Reino Unido, se apoiando na ideia de que eles ficariam na União Europeia, coisa que não aconteceu já que os britânicos deixaram o bloco. Os advogados do governo britânico argumentaram em outubro que a Escócia não pode agir unilateralmente em um assunto que diz respeito à união de todo o país. E os juízes do Supremo concordaram com eles. Afirmando “respeitar” a decisão, o ministro britânico para a Escócia, Alister Jack, pediu ao Executivo escocês que vire a página e se concentre “nos assuntos que mais importam”.
*Com informações da AFP
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