Relembre os momentos que marcaram a política internacional em 2020

Além da eleição presidencial dos Estados Unidos, mundo também parou para ver protestos no Chile, explosão no Líbano e um bombardeio americano no Irã

  • Por Jovem Pan
  • 30/12/2020 18h25 - Atualizado em 30/12/2020 18h26
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EFE/EPA/WAEL HAMZEH Explosão na região portuária de Beirute foi um dos eventos marcantes de 2020.

Ao longo de 2020, diversos episódios marcaram a política internacional. Entre eles, a corrida presidencial dos Estados Unidos merece destaque por se tratar de um pleito histórico em diversos aspectos. Donald Trump e Joe Biden se enfrentaram nas urnas para decidir quem comandaria a Casa Branca pelos próximos quatro anos. O candidato democrata levou a melhor na votação e, ao lado dele, a vice Kamala Harris, que se tornará a primeira mulher negra a ocupar o cargo na história dos Estados Unidos. A disputa foi marcada por inúmeras acusações de fraude e judicialização de resultados. No entanto, no último dia 14, o Colégio Eleitoral confirmou a vitória do adversário de Trump. Em discurso pouco após a divulgação do resultado final, Biden afirmou que “a democracia venceu” no país.  Sem dúvida, um acontecimento ímpar na história, mas não o único grande evento da política internacional neste ano tão conturbado.

Relembre alguns momentos que marcaram o mundo em 2020:

Bombardeio no Irã

Qasem Soleimani, general do Irã morto sob ordem Trump no começo de 2020.

O ano de 2020 começou com um episódio militar de grandes proporções. No dia 2 de janeiro, os Estados Unidos utilizaram um drone e mataram Qassem Soleimani, que era chefe de uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã. O ataque foi confirmado pelo Pentágono, que informou que a autorização para a ação foi dada pelo presidente Donald Trump. O órgão também disse que a operação visava evitar futuros ataques iranianos e culpou Soleimani pela morte de americanos no Oriente Médio. Após o episódio, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que a resistência do país contra os EUA e contra Israel iria aumentar por conta do ataque.

Papa reza sozinho durante a pandemia de Covid-19

Imagem do Papa Francisco rezando sozinho percorreu o mundo.

No fim do mês de março, pouco depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar pandemia do novo coronavírus, o Papa Francisco rezou sozinho em frente à Praça de São Pedro completamente vazia por conta do avanço da doença. O ato foi considerado inédito, uma vez que não existem registros de gestos similares na história da Igreja Católica. Na ocasião, o pontífice deu a benção “Urbi et Orbi” (à cidade e ao mundo) e a indulgência plenária, na qual os fiéis têm seus pecados perdoados, à cerca de 1,3 bilhão de católicos pelo mundo. Normalmente, a benção só é concedida pelos pontífices em dia 25 de dezembro e no domingo de Páscoa, datas em que são celebrados no nascimento e a morte de Jesus.

China x Estados Unidos

Relação entre os países ficou abalada por conta da pandemia de Covid-19.

Duas das maiores economias do mundo viveram um ano turbulento em sua relação. Os atritos entre Estados Unidos e China se intensificaram ao longo de 2020 por uma série de motivos, como a Lei de Segurança de Hong Kong, que levou os EUA a imporem sanções contra o país asiático. A disputa pela tecnologia 5G e os atritos entre o governo de Donald Trump e a companhia chinesa Huawei, que foi proibida de utilizar sistema Android em seus aparelhos, também marcaram o ano. Entretanto, a pandemia de Covid-19 foi o principal ponto de conflito entre as nações, uma vez que Trump se referiu diversas vezes à doença como “vírus chinês” e culpou a China pelo avanço da Covid-19 pelo mundo. A expectativa é de que, com a eleição de Joe Biden, a relação fique mais amena a partir de 20 de janeiro de 2021, quando o democrata assume a Casa Branca.

Explosão no Líbano

Região portuária de Beirute, no Líbano, após forte explosão

No começo do mês de agosto, uma forte explosão atingiu a região portuária da cidade de Beirute, capital do Líbano. Na ocasião, o incidente provocou uma onda de destruição na cidade, deixando 6.500 feridos, 191 mortos e cerca de 300 mil imóveis com algum tipo de dano material. A explosão provocou a renúncia do primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, que deixou o cargo uma semana após o episódio. As consequências econômicas do incidente também foram sentidas. Segundo dados do Banco Mundial, houve um prejuízo em danos físicos de US$ 4,6 bilhões e, aliada à pandemia de Covid-19, a explosão deverá fazer com a taxa de pobreza do país vá de 28% em 2019 para 55% em 2020.

Renúncia do Primeiro-Ministro do Japão

Abe estava no cargo de primeiro-ministro desde 2012.

No dia 16 de setembro, Shinzo Abe anunciou que deixaria o cargo de primeiro-ministro do Japão. Ele estava no posto desde dezembro de 2012. Ao justificar sua decisão, Abe alegou questões de saúde como principal motivo para deixar o posto de primeiro-ministro. Em 2007, ele já havia deixado o poder por conta de uma colite ulcerativa crônica. Em sua ultima entrevista coletiva, Abe disse que, desde que assumiu o cargo, dedicou-se “de corpo e alma à recuperação econômica e à diplomacia para proteger o interesse nacional do Japão todos os dias”. Como seu sucessor, Yoshihide Suga assumiu o cargo. Ele foi eleito dentro do partido com 377 votos e, posteriormente, foi eleito com folgas dentro do parlamento japonês.

Armênia x Azerbaijão

No fim de setembro, o conflito entre a Armênia e o Azerbaijão voltou a aumentar depois que o primeiro-ministro azerbaijano, Ilham Aliyev, disse que dez civis morreram no território montanhoso de Nagorno-Karabakh. O ministro das Relações Exteriores armênio, Zohrab Mnatsakanyan, declarou que um civil morreu depois de um ataque do Azerbaijão na região. Os dois países, sendo o Azerbaijão de maioria muçulmana e a Armênia de maioria cristã, se acusam de realizar bombardeios em acampamentos de civis na região. O local pertence ao Azerbaijão, mas a população é de maioria armênia, que rejeita o comando azerbaijano. Com isso, o local é mantido com recursos enviados pelo governo da Armênia e por doações da comunidade armênia ao redor do mundo.

Eleições na Bolívia

Luis Arce foi eleito novo presidente da Bolívia.

Depois da anulação das eleições gerais de 2019, o que levou o então presidente Evo Morales a renunciar, os bolivianos voltaram às urnas para eleger o novo mandatário do país. De um lado, estava Carlos Mesa, centrista e ex-presidente da Bolívia entre 2003 e 2005. Do outro, estava Luis Arce, ex-ministro do governo Morales e aliado do ex-presidente. Um terceiro concorrente da extrema-direita, Luis Fernando Camacho, também participou do pleito. Ao fim das eleições, Arce conseguiu 55,2% dos votos, contra 28,9% de Arce e 14% de Camacho – o ex-ministro, então,  foi eleito novo presidente da Bolívia, devolvendo o poder do país ao seu partido MAS.

Plebiscito no Chile

Chilenos votaram a favor de uma nova constituição.

Adiado de abril de 2020 para outubro do mesmo ano por conta da pandemia de Covid-19, o plebiscito no Chile foi um referendo realizado em resposta às manifestações de 2019 no qual os chilenos puderam votar se queriam a elaboração de uma nova constituição que substituiria a Constituição da época do ditador Augusto Pinochet. Outro ponto votado no plebiscito foi se os chilenos queriam que a Constituição fosse formulada por uma Convenção Constituinte ou por uma Convenção Mista. Após a finalização da votação, o Chile anunciou que 78,27% dos votantes aprovaram a elaboração da nova carta e que 78,79% optou pela elaboração da nova Constituição através de uma Convenção Constituinte.

Eleições dos Estados Unidos

Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, comemoram a vitória do democrata nas eleições dos Estados Unidos

No último dia 7 de novembro, o mundo (ou grande parte dele) reconheceu a vitória do democrata Joe Biden sobre o republicano Donald Trump nas eleições americanas. Biden encabeçou uma frente ampla contra Trump que uniu as alas progressistas e liberais de seu partido. Kamala Harris, a primeira mulher (e primeira negra) vice-presidente dos Estados Unidos, era oponente de Biden nas prévias do Partido Democrata, mas se juntou a ele depois. A campanha anti-Trump contou com o apoio de artistas e esportistas, que incentivaram a população a comparecer às urnas (nos EUA, o voto não é obrigatório). Com a derrota iminente, o candidato republicano passou a fazer alegações não comprovadas de fraude nas urnas e até hoje não admite a derrota, mesmo depois de o Colégio Eleitoral ter confirmado, no dia 14 de dezembro, a vitória de seu oponente. “Respeitar a vontade do povo está no cerne da nossa democracia, mesmo quando achamos esses resultados difíceis de aceitar”, declarou Joe Biden.

Presidência no Peru

Protestos no Peru agravaram a crise política do país.

Um dos países mais atingidos (em termos proporcionais) pela Covid-19, o Peru atravessou uma grande crise política e teve três presidentes em menos de uma semana. Tudo começou quando Martín Vizcarra, acusado de ter recebido R$ 3,4 milhões em propina em contratos de obras públicas, foi deposto do cargo em novembro. Em seu lugar, assumiu Manuel Merino, presidente do Legislativo peruano, que também foi um dos articuladores da saída de Vizcarra. Entretanto, em 15 de novembro, cinco dias depois de sua posse, Merino renunciou ao cargo após protestos populares que deixaram dois mortos. Com isso, o Congresso do Peru se reuniu e elegeu um novo presidente interino, Rafael Sagasti, que deverá permanecer no cargo até julho de 2021, quando serão realizadas eleições gerais no país.

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