Rússia e Coreia do Norte resgatam acordo da Guerra Fria e assinam pacto de defesa mútua

Moscou e Pyongyang são aliados desde o fim da Guerra da Coreia e reforçaram as relações desde o início da invasão russa da Ucrânia

  • Por Jovem Pan
  • 19/06/2024 17h20
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EFE/EPA/GAVRIIL GRIGOROV/SPUTNIK/KREMLIN putin e kim jong un Presidente russo Vladimir Putin e o líder norte-coreano Kim Jong Un chegam para um concerto de gala em Pyongyang, Coreia do Norte

A Coreia do Norte e a Rússia assinaram, nesta quarta-feira (19), um acordo de defesa mútua, durante uma visita a Pyongyang de Vladimir Putin, que agradeceu ao líder do secreto país comunista asiático, Kim Jong Un, por apoiar a ofensiva militar russa contra a Ucrânia. “O tratado de associação global assinado hoje prevê, entre outras coisas, uma assistência mútua em caso de agressão a uma parte”, declarou Putin, antes de explicar que a Rússia “não descarta” uma cooperação militar-técnica com a Coreia do Norte. “Hoje, lutamos juntos contra as práticas hegemônicas e neocolonialistas dos Estados Unidos e de seus satélites”, afirmou o presidente russo, citado pela imprensa de Moscou, durante uma festa de gala em sua homenagem. Segundo o líder norte-coreano, o tratado “garantirá de forma confiável a aliança” entre os dois países e contribuirá “plenamente para a manutenção da paz e da estabilidade na região”.

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Putin foi recebido na Coreia do Norte com festa e um tapete vermelho no aeroporto. As ruas estavam decoradas com bandeira dos dois países e houve uma grande pompa na praça Kim Il Sung de Pyongyang, com banda militar e um espetáculo de dança, algo habitual nas cerimônias da Coreia do Norte. Moscou e Pyongyang são aliados desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953) e reforçaram as relações desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Kim Jong Un esteve presente no desembarque do líder russo. Esse foi o segundo encontro entre os líderes em menos do um ano. Em 2023, o norte-coreano visitou a Rússia. Putin, no entanto, não ia para o país asiático desde 2000. O russo retribuiu o acolhimento recebido no país aliado. Ele presenteou Kim com uma limusine de luxo russa, de fabricação russa Aurus Senat,, um jogo de chá e uma adaga de almirante.

Durante a visita, Putin reiterou que “Rússia e Coreia têm uma política externa independente e não aceitam a linguagem da chantagem por parte do Ocidente” e Kim celebrou uma “nova era” das relações bilaterais.  “A Coreia do Norte expressa pleno apoio e solidariedade ao governo” em sua ofensiva na Ucrânia, que motivou uma série de sanções contra Moscou, afirmou o dirigente norte-coreano. Kim Jong Un destacou que o acordo de assistência mútua é de natureza “defensiva”, segundo as agências de notícias russas, e chamou Putin de “melhor amigo” da Coreia do Norte. As potências ocidentais, que acusam os norte-coreanos há vários meses de fornecer munições e mísseis à Rússia para a guerra na Ucrânia – o que Pyongyang classifica como um ‘absurdo’, temem um reforço da cooperação militar entre Moscou e Pyongyang.

O assessor da presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak, acusou Pyongyang de ajudar militarmente a Rússia e exigiu medidas mais fortes para isolar os dois países. “A Coreia do Norte coopera hoje ativamente com a Rússia na esfera militar e fornece-lhe deliberadamente recursos para o assassinato em massa de ucranianos”, criticou. O governo dos Estados Unidos expressou “preocupação” com a viagem de Putin devido às consequências para a segurança da Coreia do Sul e da Ucrânia. Seul afirmou que acompanhou “de perto os preparativos” da visita.

Publicado por Sarah Américo

*Com informações da AFP

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