Rússia só vai parar ofensiva após rendição da Ucrânia, diz Kremlin
Anúncio vem um dia após bombardeio a shopping lotado e em meio a reunião da cúpula do G7 e Otan que visam apoiar Zelensky e aumentar força militar
Quase cinco meses depois do início da guerra na Ucrânia, a Rússia ainda não desistiu da ideia de fazer com que o país de Volodymyr Zelensky se renda. “A parte ucraniana pode acabar (com o conflito) no dia de hoje”, afirmou Dmitri Peskov, porta-voz de Vladimir Putin nesta terça-feira, 28. “Deve ordenar às unidades nacionalistas e aos soldados ucranianos que entreguem as armas e todas as condições estabelecidas pela Rússia devem ser aplicadas”, acrescentou. “Então, tudo terminará em um dia”, concluiu. Segundo Peskov, não há prazo nem calendário definido pelos russos: “Nos orientamos com base nas declarações do nosso presidente”. Peskov reiterou que “a operação militar especial ocorre de acordo com os planos”, usando o eufemismo que a Rússia utiliza para se referir ao ataque à Ucrânia.
Esse anúncio vem um dia após Zelenksy discursar na cúpula do G7 e pedir mais ajudar militar e apoio para fazer com que a guerra se encerre antes do final do ano, quando é inverno no hemisfério norte, e após as tropas russas bombardearem um shopping center lotado e deixarem ao menos 18 pessoas mortas e 36 desaparecidos. Esse ataque, realizado em uma região que não apresenta perigo e só está tentando viver normalmente, como informou Zelensky, só fez com que os ucranianos revigorassem ainda mais a determinação.
Ao mesmo tempo em que a Rússia volta as ofensivas e aperta o cerco, ficando próxima de conquistar o último reduto ucraniano em Luhansk, região de Donbass, líderes do G7 aumentam as sanções sobre Putin e seu país. “A Rússia não pode e não deve vencer” a guerra e as sanções contra ela serão mantidas “enquanto for necessário”, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, ao final do G7, que concluiu seus trabalhos nesta terça-feira. O objetivo geral é “aumentar” os custos da guerra para a Rússia, resumiu o chanceler alemão Olaf Scholz, anfitrião da cúpula. O grupo também promete participar da reconstrução da Ucrânia por meio de uma conferência e plano internacionais.
Os ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, prometeram assim apertar o cerco contra Moscou, visando a indústria de defesa russa em particular. Apesar do fim da cúpula do grupo de países mais desenvolvidos do mundo, a maratona dos ocidentais continua esta noite com uma cúpula da Otan em Madri, um encontro em que Zelensky também deve participar remotamente, e o qual a Aliança deve anunciar o maior reforço militar desde a Guerra Fria. “Acredito que os aliados deixarão claro em Madri que consideram a Rússia como a maior e mais direta ameaça para a nossa segurança”, declarou o norueguês Jens Stoltenberg ao apresentar a agenda da cúpula. “Vamos fortalecer nossos grupamentos táticos na parte leste da Aliança, até o nível de brigada”, acrescentou.
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